São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995 |
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Mercosul e UE assinam cooperação hoje
CLÓVIS ROSSI
Ainda no período de negociação do acordo, em setembro, o presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso chegou a dizer à Folha: "Não queremos ficar encurralados em uma só hipótese de associação". Na semana passada, também em conversa com a Folha, o ministro argentino da Economia, Domingo Cavallo, fez idêntica observação. Ambos estão se referindo ao fato de que as negociações com a UE para a constituição eventual de uma zona de livre comércio serão concomitantes com as discussões com os Estados Unidos para a criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). O prazo tentativo para que as duas negociações desemboquem em zonas de livre comércio é, aliás, o mesmo: o ano de 2005. Parece evidente que os dois principais países do Mercosul, o Brasil e a Argentina, esperam que negociações simultâneas com as maiores potências do planeta permitam extrair concessões mais suculentas de cada uma delas. O acordo a ser assinado hoje pelos representantes dos quatro países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e dos 15 países da UE leva, no jargão diplomático, o rótulo de acordo-quadro. Ou seja, é a moldura à qual negociações posteriores acrescentarão cores e desenhos definitivos, formando a tela completa. Pelos cálculos de Manuel Marín, um dois vice-presidentes da Comissão Européia, braço executivo da UE, haverá duas etapas nessa construção: a fase preparatória, para dar tempo ao Mercosul de consolidar suas instituições, prevista para durar até 2000 e, a partir daí, o início do processo de liberalização "progressiva e recíproca dos intercâmbios econômicos". O texto abre uma clara vertente política: é uma porta para que os países do Sul sentem-se à mesa dos grandes para discutir a agenda internacional. Limitação Até agora, países como Brasil e Argentina, embora potências regionais, limitam sua participação na discussão dos grandes temas internacionais às Nações Unidas e, mesmo assim, estão excluídos do coração da ONU, o seu Conselho de Segurança. O acordo-quadro prevê "um diálogo político com caráter regular". O foro do diálogo será o Conselho de Cooperação, a máxima instância das instituições criadas pelo novo acordo. O conselho se reunirá periodicamente e poderá organizar reuniões extraordinária "cada vez que as circunstâncias assim o exijam". Texto Anterior: Salário de 1.760 servidores ultrapassa limite Próximo Texto: Comércio será a prioridade Índice |
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