São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Industriais temem pelo Real

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Industriais e economistas ouvidos ontem pela Folha disseram que a decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho), que determina reajuste de 25% aos funcionários do Banco do Brasil, 3,36% além do mínimo garantido pela legislação, põe em risco o Real.
O principal ponto criticado é que a decisão do TST pode vir a se repetir no dissídio de outras categorias, o que acabaria significando a volta da indexação dos salários.
"Decisão da Justiça cumpre-se, não se discute. Mas o preocupante é que pode criar um efeito cascata, o que atrapalharia o andamento do Plano Real", afirmou Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Franz Reimer, diretor de Economia da entidade, considera que a decisão do TST é "um caminho perigoso".
"Se esse caminho for consagrada, significa a volta da indexação da economia, o que colocaria em risco um dos fundamentos do Real, que é a inflação baixa", afirma.
Reimer avalia que o governo não está disposto a abrandar o combate à inflação. Logo, analisa, a consequência seria um novo aperto na política monetária, com a alta dos juros, para evitar que o aumento da demanda signifique pressão sobre os preços.
Já o economista Edward Amadeo afirma que a decisão do TST é um "retrocesso".
"A decisão mostra que as instituições não estão preparadas para a desindexação da economia", diz o economista.
O economista Aloizio Mercadante diz que a decisão "não resolve" o problema dos trabalhadores. Ele defendeu a livre negociação entre empregados e patrões.

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