São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Estranho silêncio

É compreensível que o governo brasileiro tenha o maior interesse em aproximar-se da China, motivo óbvio pelo qual o presidente Fernando Henrique Cardoso está visitando o país asiático.
Trata-se, afinal, de um megapaís e que se encontra em uma fase de crescimento explosivo. O que, por sua vez, abre enormes oportunidades de negócios para empresas brasileiras e para o aumento do comércio bilateral. Além, é claro, da possibilidade de dividir custos com o lançamento de um satélite conjunto, motivo do que deve ser o principal acordo concreto a resultar da visita presidencial.
Nada disso, no entanto, justifica o constrangedor silêncio das autoridades brasileiras sobre a condenação de Wei Jingsheng, o principal ativista chinês pró-democracia. Ainda mais que o julgamento ocorreu exatamente no momento em que se iniciava formalmente a visita de FHC e nas condições conhecidas em países totalitários, ou seja, sem resquício de respeito às regras jurídicas internacionalmente aceitas.
Que o presidente se esquivasse a uma pergunta sobre o caso, ainda se poderia perdoar, em um exercício de boa vontade. Às vezes, o protocolo impõe ao visitante que guarde silêncio em torno do comportamento dos anfitriões.
Mas que a diplomacia brasileira fizesse silêncio, daí vai uma grande distância. É lamentável que eventuais interesses econômico-comerciais prevaleçam sobre princípios básicos, entre eles o respeito aos direitos humanos.

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