São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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Sarney e ACM negam ter recebido doação

RAQUEL ULHÔA; LUIZ FRANCISCO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

LUIZ FRANCISCO
Os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) negaram ontem que tenham recebido qualquer doação do Banco Econômico para suas campanhas em 1990.
Para Sarney, "alguém" deve ter desviado recursos da instituição, usando nomes de políticos para justificar a operação. O peemedebista teria recebido US$ 118,1 mil do Econômico para disputar uma vaga para o Senado, segundo os documentos da pasta rosa encontrada na sede do banco.
Pela primeira vez desde a divulgação da existência da pasta cor-de-rosa, na qual foi encontrada a lista, Sarney considerou o "assunto muito grave" e cobrou do Banco Central a investigação do caso. Antes, ele dizia que a história era uma "invenção".
"Em relação à minha pessoa, por exemplo, não recebi de nenhuma maneira as quantias apontadas na lista nem qualquer ajuda do Banco Econômico. Isso significa que alguém deve ter usado os nomes de alguns políticos para desviar dinheiro do banco", disse.
Para Sarney, o vazamento da lista "não foi com boa intenção". Mas, já que a relação veio à tona e seu nome a integra, ele acha que o governo tem de investigar o destino do dinheiro supostamente usado para financiar políticos.
"O Banco Central tem de aprofundar a investigação. O Congresso não pode fazer isso, até porque ajuda eleitoral não é crime e é prevista em lei. O grave neste caso é desviarem recursos utilizando nomes de políticos que jamais receberam o dinheiro", disse Sarney.
No Senado, ao ser perguntado sobre a suposta contribuição de US$ 1,155 milhão que teria recebido em 90, Antônio Carlos Magalhães se declarou, antes de tudo, "um homem honesto. "Não recebi dinheiro nenhum e não comento mais esse tipo de denúncia", disse ACM. Irritado com a pergunta, afirmou que não conversaria mais com a jornalista.
Mais tarde, em Salvador (BA), sua reação foi mais virulenta. "Vou processar a revista ("IstoÉ") ou o Ângelo Calmon de Sá (ex-presidente do Econômico). Se existe algum ladrão é o Ângelo Calmon de Sá." A revista foi a responsável pela divulgação das informações sobre a pasta cor-de-rosa e seu conteúdo.
Até o fechamento desta edição a Agência Folha não tinha encontrado Calmon Sá para comentar as declarações do pefelista.
ACM disse também que o governo precisa resolver o problema do Econômico "mesmo punindo os responsáveis pelos seus graves erros, como o doutor Ângelo Calmon de Sá, até hoje não sofreram nada", afirmou. "Ele (Calmon de Sá) está aqui andando de lancha e brincando com o Banco Central."
Antes de embarcar para Salvador, o senador baiano decidiu procurar o ministro Pedro Malan (Fazenda) para entregar uma série de documentos com supostas denúncias contra a diretoria do Banco Central, que teria vazado as informações da pasta rosa.
ACM acabou não encontrando Malan no ministério porque ele estava viajando para Belém (PA). Foi levado até o gabinete do secretário-executivo, Pedro Parente.
O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), que aparece na lista do Econômico, não quis comentar o caso.

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