São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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Doação pode chegar a US$ 2,55 milhões

ABNOR GONDIM; LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Procuradoria Geral da República estima em US$ 2,55 milhões o valor total de recursos liberados irregularmente pelo Banco Econômico em 1990 para o financiamento das campanhas eleitorais de 25 políticos.
O cálculo foi baseado na atualização diária em dólares dos valores citados em cada uma das cerca de 200 notas fiscais que integram a pasta cor-de-rosa do Econômico.
Isso justifica a diferença de 3,68% em relação à totalização feita pela revista "IstoÉ". A publicação optou pelos valores constantes na planilha dos gastos.
A subprocuradora Ela Castilho -que guarda cópia da pasta cor-de-rosa- afirmou ontem à Folha que enviará o material do Econômico à Polícia Federal a fim de que seja aberto inquérito, caso o procurador-geral, Geraldo Brindeiro, não tome a iniciativa.
"Aguardo até o início da próxima semana, em consideração ao procurador-geral", afirmou.
Ela disse que a pasta "leva a evidências de crime tributário e contra o sistema financeiro" por parte dos diretores do banco.
A Folha apurou que procuradores que trabalham em grupo com Castilho também acreditam que o material da pasta rosa pode incriminar candidatos que receberam doações irregulares do Econômico.
Há, entre os documentos, lista da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos) com os nomes de 45 políticos acompanhados por números que variam de 3 a 16. Segundo explicações da federação, esses números eram notas relacionadas ao desempenho de cada um no apoio às propostas de interesse da iniciativa privada.
A lista da Febraban foi enviada, em 1990, por fax, pelo então presidente da entidade, Leo Wallace Cochrane Júnior, ao dono do Econômico, Ângelo Calmon de Sá.
Na pasta cor-de-rosa, alguns pedidos de políticos são descartados por não representarem grande influência na defesa das propostas.
É o caso da carta enviada por um assessor do banco baiano (cuja assinatura é ilegível) ao chefe de gabinete da instituição, Antonio Ivo Almeida, sobre o candidato a deputado estadual Adary Oliveira, que solicitava doação de US$ 32,3 mil.
"Já temos Luís Eduardo (Magalhães), Manoel Castro e Waldeck Ornelas mais César Maia, que têm acompanhado os rumos da petroquímica brasileira", informa o assessor, citando candidatos a deputado naquela época.
(Abnor Gondim e Lucas Figueiredo)

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