São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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BC diminui o valor do déficit público

GUSTAVO PATÚ; CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central alterou as estatísticas sobre o déficit do setor público acumulado neste ano, apresentando valor R$ 2,2 bilhões mais baixo para o rombo das contas públicas. O BC se recusou a detalhar os motivos da mudança.
Segundo documento divulgado no mês passado pelo BC, o déficit público até setembro era de 4,36% do PIB (Produto Interno Bruto, medida da riqueza nacional).
Dados divulgados ontem, porém, apontam que o déficit até setembro seria de 3,89% do PIB -uma diferença de 0,47% do PIB usado para setembro (R$ 481,12 bilhões), ou R$ 2,261 bilhões.
Segundo o mesmo documento de ontem, o déficit acumulado até outubro teria ido a 4,08% do PIB.
Ao contrário do que fez nos últimos meses, o BC se negou a informar o valor do PIB usado para outubro, que serviria para calcular o valor em reais do déficit.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o valor do PIB não seria divulgado para evitar números divergentes na imprensa, a partir dos cálculos dos jornalistas.
Lopes disse, ainda, que os números foram alterados porque o BC está refazendo os critérios para o cálculo do PIB. Pelo documento do BC, a nova metodologia só vale para valores a partir de abril de 95 -os números referentes a períodos anteriores foram mantidos.
O BC divulgou uma outra tabela, contendo valores em reais para o déficit público, mas trocando o IGP -índice tradicionalmente usado no cálculo- pelo INPC.
Explica-se: o índice é usado para descontar a correção monetária do valor do déficit. Portanto, quanto maior o índice, menor o déficit. E a variação do INPC superou a do IGP, que o BC usa no cálculo do déficit há cinco anos.
Nos países desenvolvidos, o déficit é calculado sem descontar a correção monetária. Por esse critério, o déficit público brasileiro chegou a R$ 34,379 bilhões, ou 6,88% do PIB. (Gustavo Patú e Cari Rodrigues).

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