São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sérvios encerram estado de guerra

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, suspendeu ontem o estado de guerra contra os croatas e muçulmanos em todo o território sob seu controle, exceto parte Sarajevo.
A autoproclamada "República Sérvia da Bósnia" passa agora ao "estado de perigo imediato de guerra". A população sérvia de quatro bairros de Sarajevo sob controle de Karadzic -Grbavica, Ilidza, Vogosca e Ilijas- se manifestou nesta semana contrária à sua reintegração ao resto da cidade, como prevê o acordo de paz.
O governo sérvio da Bósnia disse que a entrega dos bairros poderá demorar cerca de um ano, até que a infra-estrutura seja reconstruída.
Karadzic deve deixar o poder da autoproclamada república. Ele foi banido da vida pública bósnia. Dentro de no máximo nove meses deve haver eleições.
Mas tudo indica que ele deixará de comandar os sérvios da Bósnia antes desse prazo, pois Karadzic enfrenta grande oposição interna.
Neste fim-de-semana, o "Parlamento" dos sérvios deve fazer reuniões para decidir o que fazer após o acordo. A aceitação implícita da paz por Karadzic pode levá-lo a perder a liderança.
Ele já não tem o apoio do presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic (que negociou a paz em nome dos sérvios da Bósnia), e do comandante militar Ratko Mladic. Caso Karadzic deixe o governo, o seu vice, Nikola Koljevic, é apontado como sucessor.
Às vésperas de deixar a Bósnia, as tropas de paz da ONU atribuíram os ataques de anteontem a Sarajevo a "protestos de soldados sérvios" contrários ao acordo de paz assinado anteontem em Paris.
Anteontem, seis granadas atingiram a parte muçulmana de Sarajevo, sem causar vítimas ou maiores danos. "Se quisessem ter matado alguém eles poderiam, mas preferiram não fazê-lo", disse o porta-voz da ONU tenente-coronel Chris Vernon.
Ao mesmo tempo, um comunicado da sede das Nações Unidas condenou os soldados bósnios por terem alvejado um helicóptero francês que participava de uma missão de resgate.
O Conselho de Segurança da ONU deveria aprovar no final da noite de ontem a autorização para a missão da Otan na Bósnia. Logo em seguida a própria Otan deveria dar a autorização.
Já há soldados da aliança na ex-Iugoslávia, mas a neve sobre a Bósnia atrasa o seu deslocamento.

Texto Anterior: Juiz dos EUA condena menina a passar um mês acorrentada à mãe
Próximo Texto: EUA têm mais uma ameaça de 'fechamento' do governo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.