São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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Irmão de dissidente desafia Justiça chinesa

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

O empresário chinês Wei Xiaotao disse ontem que as provas de acusação apresentadas no julgamento que condenou seu irmão, o dissidente chinês Wei Jingsheng, não se sustentam e que ele pode provar a inocência do condenado.
Como resultado de seu desafio à decisão da Justiça chinesa, Wei Xiaotao também pode ser preso.
Wei Jingsheng, 46, "pai" do movimento pró-democracia na China, foi condenado na quarta-feira a 14 anos de prisão e ainda tem oito dias para recorrer.
Ele passou 16 anos preso. A condenação foi atacada pelos EUA, Reino Unido, Alemanha, França e grupos de direitos humanos, como a Anistia Internacional.
No veredicto de Wei Jingsheng, foi mencionado outro dissidente, Wang Dan, preso desde maio passado. Wang pode sofrer as mesmas acusações que resultaram na pena de 14 anos para Wei.
O veredicto diz que Wei mantinha contatos com pessoas "condenadas por crimes contra-revolucionários, inclusive Wang Dan".
Depois da repressão ao movimento pró-democracia de 1989, Wang Dan passou quatro anos preso e foi novamente detido em maio, sem ainda ser julgado.
Entre as acusações de Wei está a criação de uma companhia em Hong Kong no nome do irmão Xiaotao para arrecadar fundos para o movimento pró-democracia.
Wei Xiaotao disse que abriu a companhia em sociedade com um jornalista de Hong Kong em março de 1993, quando seu irmão mais velho ainda estava na prisão.
Ele também negou que a empresa, Lifeway, tenha financiado atividades políticas, dedicando-se apenas ao comércio exterior.
Sobre as outras acusações, como publicação de textos no exterior atacando o governo, Xiaotao argumentou que seu irmão "realmente apoiou o movimento pró-democracia, mas apenas pregando atos não-violentos e dentro dos limites permitidos pela lei".
Ele diz ser seguido por policiais à paisana. "Acho que cedo ou tarde eles vão me prender."
Ontem, a China executou nove homens e quatro mulheres condenados por assassinato e por roubo de alto valor. Seus apelos foram recusados. Uma quinta mulher teve a sua sentença de morte suspensa por dois anos.
A TV chinesa mostrou os 13 condenados sendo apresentados a cerca de 10 mil pessoas em Shenzhen, antes de serem levados ao local de execução, em uma montanha próxima à cidade.

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