São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995 |
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Operação obscura Boa parte das operações cotidianas de um banco central devem mesmo ser sigilosas. Trata-se de resguardar informações privadas às quais o BC tem acesso e evitar a ocorrência de situações que apenas trariam instabilidade ao mercado. Esse princípio não se aplica, entretanto, a informações sobre fatos consumados que já não alteram significativamente o ambiente econômico. Nesses casos, diferentemente, espera-se que prevaleça o direito da sociedade a conhecer como está sendo utilizado o dinheiro público e qual o custo das medidas adotadas pela autoridade monetária -independentemente de tais medidas mostrarem-se corretas. Não há como justificar portanto a nebulosidade que ainda envolve a operação de salvamento do Banco Nacional -e possivelmente do Econômico. Se é óbvio que antes da intervenção não convinha divulgar as gestões do BC em auxílio do banco, pois isso agravaria a fuga de depósitos, agora não há razão para deixar de fornecer informações. Afinal, quais são as estimativas do BC sobre o rombo patrimonial a ser coberto? O Proer permite que os bancos sadios, que entraram no programa como compradores, também entreguem moedas podres ao governo em troca de dinheiro vivo, a ser pago com juros de 2% ao ano? Isso já está ocorrendo? Em que medida? Quanto custará aos cofres públicos? Essas são questões que não demandam sigilo, mas sim a maior transparência possível. E lamentavelmente ainda estão obscuras. Texto Anterior: Placebo com vírus Próximo Texto: De ONGs e partidos Índice |
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