São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 1995
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FHC decidirá destino do BC, diz Loyola

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, não escondeu ontem o desânimo com a crise política desencadeada pela pasta rosa e colocou o destino da diretoria nas mãos do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Eu não cogitei pedir demissão, mas minha permanência no cargo não depende somente da minha vontade", afirmou.
As declarações de FHC no exterior sobre o vazamento do conteúdo da pasta já estão superadas, disse Loyola. FHC colocou sob suspeita o diretor de Normas do BC, Cláudio Mauch, e o interventor no Banco Econômico, Francisco Flávio Barbosa.
"Não me sinto desprestigiado. Na mesma ocasião em que fez essas declarações, o presidente demonstrou confiança na diretoria do BC", disse. Loyola afirmou que esse episódio está esclarecido.
Sobre a falta de apoio ao BC dentro do governo, ele limitou-se a dizer que "essa é uma pergunta difícil de responder".
Apesar de negar publicamente um pedido de demissão, o presidente do BC comentou nos últimos dias com amigos que sua intenção era pedir demissão tão logo solucionasse os casos Econômico, Banespa, Banerj e Credireal.
Mesmo considerando as declarações de FHC superadas, Loyola disse que as pessoas que tiveram seus nomes envolvidos no caso da pasta rosa têm o direito de se sentir revoltadas. "A diretoria do BC não vazou a pasta", afirmou.
Ele afirmou que a pasta ficou cinco anos -desde as eleições de 1990- "morcegando por aí". "Não sei quantas cópias foram tiradas." O vazamento do conteúdo da pasta pelo BC seria o mesmo que "dar um tiro no pé", disse.
Loyola não deixou de reclamar dos ataques que vêm de dentro do governo e dos líderes no Congresso contra o BC: "Está sendo apontado como suspeito quem menos interessava vazar. Eu tenho convicção própria que a pasta não saiu do BC".
Segundo Loyola, os ataques do PFL à diretoria do BC prejudicam o trabalho dos técnicos e "atingem a própria motivação das pessoas". Em uma análise pessoal, o presidente do BC disse que as críticas "incomodam muito". Ele não quis comentar os ataques do presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), ao BC.
As declarações de Loyola foram feitas durante café da manhã com jornalistas no Banco Central. Participaram Mauch, o diretor de Política Monetária, Alkimar Moura, e o diretor de Administração, Carlos Eduardo Tavares de Andrade.
Rindo, o presidente do BC desmentiu que teria recebido convites para trabalhar no exterior. "Eu tenho um convite para caçar patos nos banhados do Uruguai com o Mauch", afirmou.
Loyola disse ainda que não está descartada uma interpelação judicial para que o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) esclareça se chamou os diretores so BC de "marginais".

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