São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 1995
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Entre pato e cisne

Os riscos do capital especulativo têm sido cantados em prosa e verso, especialmente depois da crise mexicana. Aumentar os investimentos produtivos e atrair capital que venha para ficar por períodos mais longos tornou-se um grande desafio da política econômica.
Ainda que os capitais especulativos predominem, é animador constatar que as empresas multinacionais investiram no Brasil cerca de US$ 3,2 bilhões em 1995, contra US$ 2,2 bilhões no ano anterior.
Mas se o cálculo levar em conta a participação do Brasil nos fluxos mundiais, o resultado deixa a desejar. O Brasil recebeu pouco mais de 1% do total de investimentos diretos no mundo, contra os cerca de 7% que se chegou a alcançar no final dos 70. O caminho a percorrer, portanto, é ainda bastante longo.
Há obstáculos dentro e fora do Brasil. Internamente, basta começar pelo fato de que o sucesso do Plano Real é ainda recente. O investidor que pretende deitar raízes procura, antes de mais nada, assegurar-se da estabilidade do terreno.
Com juros reais ainda elevados, déficit público persistente, política cambial polêmica e crescimento moderado, o Brasil é ainda um terreno sujeito a deslizamentos.
Externamente há também fatores que dificultam a opção do investidor pelo Brasil. Pólos importantes de desenvolvimento global, como o Japão e a Europa, encontram-se atualmente enredados em crises econômicas suficientemente graves para no mínimo frear a exportação de capitais. E há muitas outras economias emergentes nas quais as privatizações andam mais rápido, a estabilidade está mais consolidada ou as taxas de crescimento são mais altas. O Brasil não é mais o patinho feio entre as opções com que se defronta o investidor global. Mas ainda falta muito para virar um cisne cobiçado.

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