São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995
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Para moradores, Pacoval é protegida e amaldiçoada

Se algum negro deixa o local, terra volta à comunidade

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALENQUER

"A terra do Pacoval é protegida e amaldiçoada. As pessoas que atentaram contra ela sofreram a maldição", diz Raimunda Viana Bentes, a dona Nazita, descendente dos fundadores do quilombo.
Segundo as lendas que se contam no Pacoval, os primeiros líderes da comunidade eram negros feiticeiros, e sua proteção acompanha o quilombo.
A área do Pacoval é de todos e não é de ninguém. A terra pertence à comunidade, e cada família recebe um lote para fazer sua roça. Ninguém pode dispor de sua área. Se a família sair do quilombo, a terra deve ser devolvida à comunidade.
Dona Nazita conta que, há alguns anos, uma família quis vender o lote e ir para Manaus. A filha de cinco anos caiu no rio Curuá e morreu afogada. O casal foi embora sem levar nada. Tempos depois, outra família desobedeceu a ordem de devolver a terra e tentou vender o lote. O filho de sete anos também se afogou no Curuá.
(EM)

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