São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995
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Mercado asiático seduz empresas brasileiras

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE

O Brasil está aumentando rapidamente sua participação nos mercados asiáticos, que devem se tornar, na próxima década, a principal zona comercial do mundo.
Entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil teve a Ásia como parceira em 17% das suas transações comerciais. O crescimento em relação a quatro anos é superior a 20%.
Em conferência realizada no início do mês por iniciativa do governo da Austrália em Melbourne, os países asiáticos apresentaram um enorme leque de oportunidades para empresas brasileiras interessadas em fazer comércio.
As perspectivas de crescimento desses países são impressionantes.
O Banco Mundial projeta, por exemplo, que a demanda por automóveis nos países asiáticos dobre até o ano 2000, quando cerca de um bilhão de pessoas terão migrado das regiões rurais dos países para cidades.
As importações de um único país, a China, devem saltar, até o ano 2010, de US$ 80 bilhões/ano para US$ 700 bilhões/ano.
E em alguns países como Tailândia e Indonésia (com mercados equivalentes ao brasileiro), as taxas anuais de crescimento têm sido superiores a 12%.
Mas alguns economistas, como Paul Krugman, da universidade norte-americana de Stanford, afirmam que o crescimento dos países asiáticos não tem significado aumento de eficiência.
Segundo Krugman, ocorre em muitos países da região processo semelhante ao que aconteceu no Brasil em meados da década de 60, quando o país deslocou recursos financeiros e humanos para dobrar a produção de algumas áreas sem, necessariamente, tornar as fábricas mais eficientes.
O secretário-executivo do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo do Brasil, José Frederico Álvares, afirma que o bloco comercial do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) encontrará, nos próximos anos, oportunidades de negócio na Ásia que podem superar as existentes nos EUA e União Européia.
A Austrália, por exemplo, que está geograficamente próxima à Ásia, ampliou de 32% para 42% desde 1990 o volume de comércio com os países da região. No mesmo período, o comércio australiano com os EUA caiu de 11% para 7% e com os países europeus de 14% para 11%.
O comércio australiano representa menos de 1% do total da balança comercial brasileira.
O presidente da Câmara de Comércio Austrália-Brasil, Ken Marshall, acaba de criar um grupo para aproximar empresários dos dois países nas áreas de telecomunicações, infra-estrutura, produtos médicos, entre outros. Informações podem ser obtidas na Austrália nos telefones (61-2) 380-5296 ou (61-2) 380-5313.

O jornalista FERNANDO CANZIAN viajou a Melbourne a convite da Embaixada da Austrália.

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