São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 1995
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Operação "segura fiéis" combate fita

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Igreja Universal do Reino Deus pôs em prática uma espécie de "operação segura fiéis" em todos os seus cultos. A Folha visitou quatro templos no último fim-de-semana.
Em todos os cultos, os pastores rebatem as acusações contra a igreja, deflagradas pela exibição de uma fita de vídeo pela Rede Globo, em que Macedo aparece ensinando aos pastores como obter dinheiro dos fiéis.
Nas imagens, Macedo também aparece, sorrindo, contando dólares arrecadados em culto numa igreja nos EUA. Em determinado momento, o bispo põe a língua para fora, em sinal de satisfação.
Ontem, no principal templo da Universal em São Paulo, na av. Celso Garcia, no Brás (zona leste), o pastor (Sidney Marques, segundo uma obreira) tocou no tema, aproveitando a igreja tomada por cerca de 1.800 fiéis.
Para justificar a postura dos membros da Universal nas imagens exibidas pela TV, ele afirmou: "Os pastores não são santos. Mas, ninguém aqui ora pelos pastores. Ora para Jesus". Houve silêncio na igreja.
Cova dos leões
O pastor procurou desfazer dúvidas sobre o destino dos recursos arrecadados, dizendo que, no último ano, foram erguidas, "só em São Paulo, 120 igrejas".
A escolha dos trechos bíblicos tem o claro intuito de induzir os fiéis a não abandonar a igreja. Ontem, por exemplo, o trecho escolhido foi "Daniel na Cova dos Leões". O comentário do pastor sobre o texto: "Faça como Daniel, que, mesmo sendo jogado aos leões, não perdeu a sua fé".
Chegou até a pedir para que só os novos fiéis levantassem as mãos. Como apenas sete o fizeram, lançou outra pergunta: "Quem já ouviu falar mal da igreja, mas veio para a igreja e viu que não é nada disso?" Pelo menos cem pessoas se levantaram.
Rotina
Apesar da repercussão da fita exibida pela TV, o culto seguiu ontem sua rotina. Foram cantadas orações e, logo em seguida, o pastor pediu o dízimo. Centenas de pessoas deram dinheiro.
Ao final, houve o pedido da oferta -uma doação suplementar do fiel. Perto do "altar", foi colocada uma grande porta de madeira, que deveria ser cruzada para a entrega do dinheiro.
A oferta deveria ser feita ali para que "todas as portas se abrissem". Novas filas se formaram.
Em seu pronunciamento de anteontem, transmitido primeiro por rádios da Universal e depois pela Rede Record de televisão, Edir Macedo disse que não deve pedir perdão a ninguém por fatos ocorridos "há dez anos".
Macedo reafirmou a defesa do dízimo: "Nós assumimos a oferta, que é o sangue da igreja de Jesus, tão sagrada quanto a vontade de Deus".

Colaborou a Reportagem Local

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