São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 1995
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Lojistas se mobilizam para tentar atrair consumidores

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os lojistas espalhados pelos centros comerciais de bairros de São Paulo se mobilizam para que o consumidor volte a fazer compras no comércio de rua.
Nelson da Silva Gonçalves, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, diz que os comerciantes estão se unindo para doar motonetas à Polícia Militar em troca de maior policiamento na região.
Ele conta que os lojistas vão gastar, inicialmente, R$ 17 mil. "Será um teste. Se der certo, vamos colocar mais policiais nas ruas."
O Comando do Policiamento Metropolitano, responsável pelo patrulhamento na Grande São Paulo, não foi encontrado para comentar o projeto dos lojistas.
Há iniciativas semelhantes em algumas cidades do interior, com resultados considerados favoráveis.
Turismo
Além disso, diz Gonçalves, os lojistas estão pleiteando junto ao prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, o que ele chama de "terminal turístico de compra" -um local para estacionamento de ônibus.
"Isso pode melhorar muito o comércio do Bom Retiro."
No Brás, os lojistas montaram uma operação em conjunto com a PM para o Natal. Em cada quarteirão há dois ou três policiais. Durante o ano, trabalham com seguranças próprios, informa Wehbe Youssef Dawalibi, presidente da Associação dos Comerciantes do Brás.
Em Santo Amaro, zona sul de São Paulo, os lojistas sorteiam carros e motos para os consumidores e estão fazendo propaganda intensiva no rádio para atrair clientes.
Ivanilda Maria Torres Silva, presidente da União dos Comerciantes de Santo Amaro, diz que os lojistas também estão solicitando mais policiamento nas ruas.
"O número de furtos de carros é muito grande nesta região."
Menor lucro
Conhecidos por comercializar artigos mais em conta, os centros comerciais também estão sendo forçados a vender mais barato e a lucrar menos.
Em um ano, diz Gonçalves, os preços reais dos artigos vendidos na sua confecção -a Nelde- caíram 30%.
A margem de lucro líquida dos lojistas do Bom Retiro, diz, que chegava a 10% há quatro anos, caiu para 2% a 3%. "E tem loja fechando no vermelho neste ano", afirma.
Ele conta que chega a vender um vestido por R$ 2 e um camiseta por R$ 5. "Nunca os preços estiveram tão baixos para os consumidores."
Salomão Gawendo, vice-presidente da Confederação de Dirigentes Lojistas e proprietário da Jequilar Móveis, localizada na Vila Prudente, diz que na sua loja a margem de lucro é 10% menor do que a do ano passado.
Enivan Gentil Barragan, presidente do Clube dos Lojistas do Belém, diz que lojistas da região chegaram a ter margem de lucro de 50% sobre o faturamento. Agora, o lucro chega a 10%, no máximo, segundo Gentil Barragan.

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