São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 1995 |
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Campeão de judô 'briga' para chegar à Olimpíada
MARCELO DIEGO
"Acho que mereço isso, pelo meu passado", disse. Sampaio foi eliminado nas seletivas olímpicas que aconteceram no Rio de Janeiro, entre 14 e 16 de dezembro. Ele foi obrigado a lutar com um estiramento na coxa esquerda. * Folha - Você ainda espera integrar a equipe olímpica em 96? Rogério Sampaio Cardoso - Espero. Eu lutei contundido e espero que a CBJ leve isto em conta e me convoque para disputar a seletiva final. Eu não quero justificar a minha derrota, acho que meus adversários me venceram com méritos. Mas acho que mereço uma nova chance, pelo meu passado. Folha - Se não houver esta convocação, você vai entrar com um recurso? Rogério Sampaio - Não quero entrar nessa parte política. Nem causar problemas. Mas todos sabemos que existe muita coisa que não foi feita de maneira correta. Folha - As seletivas, por exemplo? Rogério Sampaio - A CBJ colocou as seletivas terminando no sábado e o Campeonato Brasileiro sendo disputado no domingo. Isso não pode, são as duas competições mais importantes do ano. Como podem ser seguidas? Deveria ter uma no primeiro semestre e outra no segundo. Folha - Você confia que possa conquistar uma nova medalha olímpica? Rogério Sampaio - O atleta tem que confiar incessantemente naquilo que faz. Eu luto para ficar satisfeito comigo mesmo, para chegar ao meu limite. Acho que qualquer vitória é consequência desse esforço. Folha - Mas depois de ganhar em uma Olimpíada não aumentaram as cobranças? Rogério Sampaio - Lógico. Você sofre uma pressão muito grande, de torcedores e patrocinadores. Mas já aprendi a lidar com isso. Folha - Sem sua participação, você acha que o Brasil tem chances de ganhar ouro em Atlanta? Rogério Sampaio - Aurélio Miguel (campeão olímpico em 88) e eu fazemos parte de uma geração diferente do judô. Nós nos movimentamos mais, não ficamos parados. Aprendemos a lutar com os orientais. Os judocas brasileiros estão muito acostumados com o estilo europeu, mais forte fisicamente. Isso nivela o judô e torna mais difícil conquistar uma Olimpíada. Folha - Então você e o Aurélio são os que mais têm chances de sucesso? Rogério Sampaio - Como eu disse, a vitória é consequência do treino. E nosso treinamento sempre privilegiou o intercâmbio com japoneses, que têm muito a nos ensinar. Folha - Quais outros erros você aponta no judô brasileiro? Rogério Sampaio - O judô tem pouca memória e poucos heróis. Tudo por causa da desorganização e da falta de incentivo. Além disso, há uma total bagunça, principalmente nas categorias de base. As crianças lutam cada uma com uma faixa. Não pode. Texto Anterior: Juiz no Japão já compreende insulto latino Próximo Texto: Para entidade, judoca está fora Índice |
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