São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 1995
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Mulheres do Rio

LUIZ CAVERSAN

RIO DE JANEIRO - Os vergonhosos dados publicados pela Folha de ontem, segundo os quais a imensa maioria dos chefes de família brasileiros ganha até R$ 300 por mês, devem servir de reflexão, aliás procedimento muito conveniente para contrapor à euforia típica do final de ano.
A absurda concentração de renda -origem primeira dos conflitos sociais e das conflagrações urbanas- não deixa dúvida quanto ao estágio em que o Brasil se encontra: distante, muito distante do paraíso preconizado pela social-democracia e seus defensores.
Mas há um ponto bastante interessante no material coligido junto ao IBGE: é aquele que se refere à condição da mulher no Rio de Janeiro.
Conforme as estatísticas, 26,7% dos lares do Estado do Rio são chefiados por mulheres. Diferentemente do nordeste do Brasil, onde a mulher é obrigada a ocupar o lugar do homem que emigrou em busca de melhores condições de vida, no Rio trata-se de um fenômeno de ocupação de espaço dentro de um processo de crescimento e emancipação da mulher.
Ponto para as mulheres do Rio, que em geral são lembradas mais por seus atributos físicos -saudavelmente exibidos nas praias- do que por sua força de trabalho.

Por falar em Rio e estatísticas, uma boa novidade: segundo a Fundação Getúlio Vargas, o Estado deverá voltar ao final deste ano à condição de segunda economia do país, atrás de São Paulo e novamente à frente de Minas Gerais.
A economia local cresceu 5,22%, devendo este ano responder por 12,5% do PIB. A expectativa quanto ao ano que começa em breve são as melhores possíveis, principalmente por conta dos inúmeros investimentos que começaram a ser feitos ainda este ano e que vão render em 1996.
Imagine a maravilha que seria isso tudo sem sequestros.

Quem já viu em atividade os bons camelôs do centro da cidade -pode ser de São Paulo ou do Rio- não tem dúvida e as cenas mostradas pela TV só comprovaram isso: Edir Macedo parece um camelô da fé. Sua maneira de falar, seus gestos e inflexões para ensinar os pastores a conseguir dinheiro dos fiéis não ficam devendo nada aos melhores profissionais do ramo. Por isso é que ele deu certo.

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