São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995
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PFL é o mais leal a Fernando Henrique

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de todo o barulho que faz e das frequentes ameaças de deixar o bloco governista, o PFL tem sido, na Câmara dos Deputados, o partido mais fiel ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Nas 16 votações nominais mais importantes realizadas até aqui, FHC contou com a presença e os votos favoráveis de 85% dos deputados pefelistas. É um índice superior ao do próprio partido do presidente, o PSDB, que registra 80% de apoio.
Isso é o que se verifica em análise da consultoria SDA, do cientista político Sérgio Abranches, que montou uma espécie de "índice de governismo".
Mas os resultados desmentem outras versões aceitas nos meios políticos. Por exemplo: quando os deputados são agrupados por região, verifica-se que o Nordeste é o campeão do governismo.
"Isso contraria a tese de que a suposta sobre-representação do Nordeste (o fato de ter mais deputados por eleitores do que nas regiões Sul e Sudeste) comprometeria o ritmo de aprovação das reformas", comenta Abranches.
Essa tese supõe que o atraso do Nordeste se opõe à modernidade das reformas, adequadas a ambiente de capitalismo mais avançado. Na verdade, prevaleceu outra realidade. "O governismo continua sendo atributo dos redutos mais atrasados da política brasileira", diz Abranches.
Agrupando-se os deputados por Estados, o maior índice de fidelidade a FHC vem do Ceará, dominado pelo tucano Tasso Jereissati, governador pela segunda vez. Mas em segundo lugar no índice de governismo, empatada com Minas, vem a Bahia, cuja política tem o amplo domínio do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).
E são justamente os pefelistas ACM e seu filho Luís Eduardo Magalhães, presidente da Câmara dos Deputados, que têm exacerbado críticas e reclamações contra Fernando Henrique.
Entre os dez principais Estados, Ceará, Bahia e Minas são os únicos com índice de governismo acima dos 70%. São Paulo, base política de FHC, lhe dá 65%.
No geral, a pesquisa mostra que FHC tem o apoio de setores considerados modernos, que apóiam as reformas por convicção e ideologia, e também dos políticos fisiológicos -aqueles que "aderem ao governo de qualquer modo e apenas tentam maximizar as vantagens da adesão", diz Abranches.
Em resumo, quando esses políticos fazem barulho, o problema seria o preço da adesão. "O governismo é sua principal moeda, obtenham ou não vantagens do governo", afirma Abranches.
A principal oposição a tudo que o governo propõe é a esquerda, "mais forte nos colégios eleitorais mais competitivos e modernos", observa o cientista político.
Mas, para ele, as esquerdas não são modernas. Ao contrário, são "atrasadas, corporativistas e nacionalistas". Abranches concorda com FHC quando este diz que não tem "oposição relevante".

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