São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Leia a íntegra da fala de FHC

Leia a seguir a íntegra do programa de FHC no rádio.
Faltam apenas cinco dias para a virada do ano e, pela primeira vez desde o início dos anos 70, terminamos o ano com uma inflação em torno de 20%. Essa vitória do Plano Real contra a inflação é de todo o povo brasileiro, que confiou no Real, que lutou contra o aumento de preços.
Quem sabe que o Real deu certo e mudou a vida dos brasileiros é você que hoje pode se alimentar melhor e alimentar melhor a sua família.
O Real mantém a credibilidade que ganhou quando foi lançado no ano passado.
A cesta básica teve uma pequena variação de preços de junho de 94 para cá. Custava, em média, R$ 101 e deve fechar em torno de R$ 106 agora em dezembro.
A safra de grãos de 94 foi recorde e, graças a ela, os preços dos alimentos aumentaram muito pouco. A agricultura ajudou muito o Plano Real e o governo tinha de fazer a sua parte. Por isso, tomamos uma série de medidas, renegociamos as dívidas passadas dos produtores rurais com o Banco do Brasil, abrimos novas linhas de financiamento com taxas de juros de 16% ao ano e criamos o Programa de Geração de Emprego e Renda Rural, o Proger. Eu insisti, durante todo o ano, que o governo tem pouco dinheiro. Portanto, temos de saber como e onde gastar e, sempre que possível, em parcerias com os empresários, com os Estados e com os municípios.
Veja só este exemplo de parceria entre o meu governo e Estados e municípios. O Programa Pró-Moradia, lançado no primeiro semestre, já está melhorando a condição de moradia de 108 mil famílias com renda de até três salários mínimos.
Outro programa, o Pró-Saneamento, destinou R$ 895 milhões para a conclusão de obras de saneamento e a instalação de redes de água e esgoto, também para beneficiar as populações de baixa renda.
O dinheiro dos dois programas vem do FGTS, portanto é um dinheiro do trabalhador, que volta para ele em forma de obras. Por falar em trabalhador, eu vou repetir o que já falei aqui sobre o que aconteceu com o emprego neste ano.
O mercado de trabalho do Brasil está mudando, como na maioria dos países desenvolvidos. Muitos brasileiros perderam o emprego em 95 porque há empresas que estão terceirizando os serviços, quer dizer, demitem o empregado, ele cria uma microempresa e presta serviços para a mesma indústria onde trabalhava antes. Esses brasileiros que trabalham por conta própria e os que não têm carteira assinada são os que tiveram o maior aumento de emprego e renda desde o início do Plano Real.
E você que acompanha meu programa já deve ter notado que eu hoje estou fazendo uma espécie de balanço geral dos assuntos que tratei aqui no rádio, durante o ano.
Pois bem, agora eu quero falar de educação. Fizemos muita coisa nesta área. Criamos o TV Escola para treinar professores e facilitar o trabalho deles em salas de aula, aumentamos a distribuição dos livros didáticos, reforçamos a merenda nas escolas dos municípios mais pobres e fizemos o plano de desenvolvimento do ensino fundamental e de valorização do professor.
Esse plano, que está no Congresso para votação, disciplina a distribuição do ensino de primeiro grau. Define o que é responsabilidade do Estado e o que é responsabilidade do município e também garante salários melhores para os profissionais de educação.
Na área de saúde, aumentamos o número de agentes comunitários de saúde. O trabalho dessas pessoas simples e dedicadas está reduzindo as consultas nos postos e ambulatórios e está ajudando a reduzir a mortalidade infantil. Isto acontece porque os agentes de saúde ensinam a população carente a se defender da desnutrição, de doenças e orientam sobre noções básicas de higiene e sobre as campanhas de vacinação do governo. E quem está garantindo a execução desses programas, dos agentes comunitários de saúde e de todos os programas da área social do governo é a Comunidade Solidária. É ela que agiliza a distribuição do dinheiro dos ministérios e que busca parcerias na sociedade.
Junto com os Estados e municípios, a Comunidade Solidária já distribuiu cestas de alimentos para mais de 1 milhão de famílias, ampliou o combate à desnutrição, beneficiando 1,5 milhão de crianças e de gestantes. Em janeiro, vai desenvolver uma experiência nova, a Universidade Solidária. Grupos de estudantes, orientados por professores, vão levar informações sobre saúde e educação para as populações carentes da região Nordeste e do norte de Minas Gerais.
A Comunidade Solidária está semeando no Brasil o espírito de união, a idéia de um país mais solidário onde todos trabalham por todos. E é isso que devemos buscar mais e mais em 96 -o espírito de solidariedade. Vamos todos trabalhar unidos para continuar transformando o Brasil num país mais rico e justo.
Feliz ano-novo, Brasil.

Texto Anterior: FHC grava mensagem de fim de ano
Próximo Texto: A denúncia do bispo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.