São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995
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Sharon Stone quer ganhar Oscar para começar a ser levada a sério

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

Sharon Stone não admite abertamente, mas deixa claro que não vê o dia em que conseguirá provar que é uma atriz de primeiro time.
"Quero entrar no set sem ter que me preocupar com a reação dos críticos. Já tenho 12 anos de carreira, dei duro, estudei e acho que mereço ser considerada uma boa atriz", afirmou Stone em entrevista à Folha.
Se o reconhecimento vier em forma de Oscar, melhor. Stone deve ser indicada para a categoria de melhor atriz coadjuvante por seu desempenho em "Cassino", filme de Martin Scorsese que estréia no Brasil em março.

Folha - Como foi trabalhar com Robert De Niro?
Sharon Stone - Foi como transformar um sonho em realidade. Quando comecei a carreira disse a meu professor de teatro que meu objetivo como atriz era conseguir ser boa o suficiente para um dia contracenar com Robert De Niro. Foi há 12 anos. Não é incrível?
Folha - De Niro disse que você é ótima profissional...
Stone - No início, eu tremia quando fazia uma cena com ele. Aos poucos fui relaxando. Sempre fiz questão de mostrar que estava me esforçando ao máximo e acho que ele entendeu isso.
Folha - E com Scorsese?
Stone - Foi o meu melhor patrão. Era "cool" e ao mesmo tempo superexigente. Aprendi muito, principalmente sobre organização.
Folha - De Niro, Scorsese, Joe Pesci e Nicholas Pileggi (escritor) já haviam trabalhado diversas vezes juntos antes de "Cassino". Você se sentiu intrusa?
Stone - Nunca. Me entrosei super rápido. Eles formam um Clube do Bolinha legítimo, têm suas piadas internas, usam muita improvisação durante os ensaios. Se eu fosse tímida e ficasse afastada, talvez me sentisse intrusa. Mas eu também tenho senso de humor e acho que fui bem aceita pela gang.
Folha - Você declarou a uma revista norte-americana que De Niro beija melhor do que Pesci...
Stone - Já está nas bancas? Quando Joe (Pesci) souber vai ficar furioso!
Folha - E é verdade?
Stone - Eu disse só para provocar, mas é verdade sim. Não que Joe beije mal. É que Bob (De Niro) é realmente o melhor.
Folha - Ginger McKenna, sua personagem em "Cassino", existiu de verdade. Você leu alguma coisa sobre ela?
Stone - Não. Havia pouca informação disponível. Porque Frank Ronsenthal (identidade verdadeira de Sam Rothstein, interpretado por De Niro) ainda está vivo. Mas desde que Ginger morreu, tudo sobre ela desapareceu.
Folha - Você teve mais liberdade para criar Ginger?
Stone - Tive. Mas não precisei partir do nada. Pileggi havia pesquisado muito, principalmente sobre a personalidade dela. Os episódios do filme são reais. Ela realmente roubou o dinheiro do marido, sequestrou a filha várias vezes e era mesmo apaixonada por Lester Diamond. Tudo está no livro.
Folha - Você acha que ela era louca?
Stone - Ela não era, mas foi ficando. As drogas e o álcool tiveram um papel fundamental no crescimento da loucura de Ginger. Ela era uma mulher inteligente, que viveu numa época em que as mulheres deveriam ser burras. E isso é muito angustiante.
Folha - Você deve ser indicada ao Oscar por sua performance em "Cassino". O que acha?
Stone - Não vejo a hora de entrar no set sem ter que me preocupar com a reação dos críticos. Não sou mais uma principiante. Já tenho 12 anos de carreira. Sei que fui muito bem como Ginger McKenna, mas acho que só quando conseguir um Oscar serei totalmente levada a sério.
Folha - Você trabalhou recentemente com Isabelle Adjani em "Le Diabolique". É verdade que vocês competiam muito?
Stone - É mentira. Não vou dizer que ela é minha amiga, porque não temos intimidade. Mas profissionalmente nosso relacionamento foi excelente.

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