São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995 |
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Entre no clima ou esqueça o Moulin Rouge
EDSON FRANCO
O que se vê hoje é um festival de grandiloquência decadente. Submersas em plumas e paetês, bailarinas de passos fartos e seios parcos usam seus dotes em coreografias que a tudo estereotipam. Cantores com voz impostada uniformizam um repertório que vai das valsas vienenses ao rock. Assim, as músicas árabe e francesa parecem ter saído do caldeirão do mesmo druida. Mas há surpresas. Em determinado momento, um bailarino sobe ao palco montado em um cavalo árabe e dá um coice na mesmice. Outro bom quadro é feito por três bailarinos que simulam um assalto. Dois deles são os ladrões e um é o xerife. Acrobacia e dança se misturam em um todo agradável e bem-humorado. A noite no Moulin Rouge começa às 20h, com um jantar sofisticado. Mas, devido ao excessivo número de mesas, o delicioso salmão defumado pode chegar à sua mesa numa temperatura que não caracterizaria um estado febril. Depois, entra em cena uma banda de três músicos, e tem início um baile onde vale quase tudo. Só não vale dançar homem com homem, mas há mulher com mulher. O repertório é um primor de cafonice. Julio Iglesias e o pior Sinatra fazem fundo para que os cavalheiros exibam orgulhosos suas parceiras e suas gravatas largas com listras diagonais. Feita a digestão, voltam todos para as suas mesas apertadas onde boa parte dos comensais chupa os dentes de forma estrepitosa, concorrendo em decibéis com os pratos do baterista. A saída da turma que jantou e assistiu ao show tem de ser rápida. A ansiosa e glamourosamente vestida platéia que acompanhará o show da meia-noite já lota o saguão à espera de mesas vagas. MOULIN ROUGE: 82, bulevar de Clichy, tel. 4606-0019. Ingressos a US$ 100 (só o show) e US$ 145 (show e jantar) Texto Anterior: Gastronomia artesanal espanta o frio Próximo Texto: Inverno realça a melancolia e arquitetura da capital tcheca Índice |
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