São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Ferido espera ano ainda pior

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O fotógrafo Sidnei Mitsuiuky Antunes da Silva, 30, de Bastos (557 km de SP), sobreviveu a 1995, mas perdeu a mulher, o filho de 4 anos e a cunhada.
Os três morreram no terremoto de 17 de janeiro, que devastou a cidade de Kobe, no sul do Japão. A família estava na cidade havia 28 dias.
Eles tinham ido trabalhar em um restaurante industrial, com salários de US$ 2.800. Silva ficou ferido no terremoto e disse que o sonho de "uma vida melhor no Japão" acabou no dia do tremor.
"De repente, vi todos os nossos sonhos desmoronarem", diz Silva, filho de um imigrante japonês com uma brasileira.
Ele voltou de Kobe nove dias após o terremoto, trazendo as cinzas da mulher e do filho, que foram cremados. "Nunca mais ponho os pés no Japão", diz.
Há quatro meses, Silva recebeu do governo japonês US$ 45 mil a título de indenização. Ele usou o dinheiro para comprar uma casa e um sítio em Bastos. Trabalha hoje como fotógrafo.
"Este foi o pior ano que alguém poderia ter. Mas não estou nem um pouco otimista com 1996. Acho que ele vai ser tão ruim ou pior que 1995, principalmente na economia", afirma.
Silva disse que só foi para o Japão por causa do desemprego. "Eu nunca quis deixar meu país. O Japão foi a única porta aberta que encontrei. Infelizmente, depois da porta havia um fosso."
Silva mora hoje com a irmã Alaíde Tsuque da Silva, 26, também ferida no terremoto. Ela estava em Kobe havia seis meses quando houve o terremoto.

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