São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995
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Questão de pronúncia

Na metade da década de 70, o deputado Maluly Neto foi à cidade de Icém, no interior paulista, para ajudar um de seus aliados políticos na eleição para a prefeitura.
Tudo ia bem até que, no dia da eleição, o candidato a vice-prefeito na chapa foi preso em flagrante distribuindo dinheiro a eleitores.
Maluly foi correndo à delegacia. Ao chegar, já encontrou todos os adversários políticos comemorando a prisão. O deputado pediu ao delegado para ver o rapaz preso. O delegado negou.
— Mas é só para dar um abraço de solidariedade —insistiu Maluly.
O delegado acabou concordando e abriu a porta da cela. Maluly puxou o candidato para si e apertou bem forte, quase machucando o sujeito. E cochichou no ouvido do preso:
— Idiota! Que bobagem!
Silêncio. E Maluly:
— Agora só tem uma saída: diga que você estava dando dinheiro "pro" povo "voltar" e não "votar". Era para eles voltarem às suas cidades de origem!
Dias depois, no tribunal, o já ex-candidato arriscou o argumento junto ao juiz, que, apesar da cara feia, liberou-o.

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