São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995
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Popularidade de FHC cai; eleitor ainda acredita no real

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A popularidade de Fernando Henrique Cardoso despencou no primeiro mês de seu mandato presidencial.
Se, antes da posse, 70% dos brasileiros acreditavam que seu governo seria ótimo ou bom, agora apenas 36% exprimem o mesmo ponto de vista.
Itamar Franco deixou o governo com uma avaliação mais positiva (41% de ótimo ou bom).
A melhor avaliação é dada por entrevistados do Nordeste, moradores de cidades do interior, com formação até o primeiro grau e com renda superior a dez salários mínimos.
Em termos de preferência partidária, simpatizantes do PFL (56%) dão a FHC uma avaliação positiva ligeiramente superior à dos próprios tucanos (52%), enquanto os peemedebistas se dividem entre regular e ótimo e bom e os petistas, em sua maioria (46%), consideram o governo regular.
Pesquisa nacional do Datafolha também revela que não há desapontamento com relação à economia: 75% dos entrevistados disseram que o real é bom para o país, apenas quatro pontos a menos que em meados de dezembro e índice idêntico ao verificado pela mesma pesquisa em outubro último.

Volta da inflação
Apesar desse otimismo, há um paralelo aumento do temor de volta da inflação. Entre a pesquisa do Datafolha de 12 a 14 de dezembro e a efetuada entre 26 e 27 de janeiro, passou de 30% para 37% a porcentagem dos que acreditam numa alta de preços.
No mesmo período, permaneceu estável em 17% o contingente dos que acreditam que os preços vão diminuir e caiu de 45% para 38% os que acreditam que a inflação ficará como está.
Quanto ao poder de compra dos salários, 31% (em lugar de 41% em dezembro) acham que ele aumentará, enquanto, em sentido inverso, passou de 17% para 25% a proporção dos que acreditam que o poder de compra deve cair.
Ou seja, há um maciço apoio ao real que convive com a sensação de sua fragilidade. Mas isso, por si só, não explicaria a queda da popularidade de FHC.
O problema, para a população, é talvez mais político. Entre os entrevistados, 77% disseram, por exemplo, que o presidente deveria sancionar a decisão do Congresso que elevou o salário mínimo a R$ 100. Essa opinião sobe a 80% quando se trata de pessoas com menor renda familiar.
Para 43% dos brasileiros, FHC está fazendo um governo igual ao de Itamar Franco, contra 29% que julgam o atual governo melhor e 17% que acreditam que ele é pior.
Os entrevistados reagem aparentemente à falta de impacto ou mudanças. Para 66% dos entrevistados, a vida permanece idêntica à do governo anterior, 20% acreditam que houve melhoria e 13% que as coisas pioraram.
O perfil socio-econômico dos que se consideram beneficiados é formado pelos que ganham até cinco salários mínimos (21%), têm menor escolaridade (24%) e simpatizam com o PFL (26%).
Vitórias e derrotas
No campo oposto, sentem-se prejudicados pelo governo os eleitores de Brizola (26%) e os simpatizantes do PT (18%).
Os resultados da pesquisa não são todos negativos para FHC. A maioria de 60% afirma que seu governo foi neste início marcado por mais vitórias que por derrotas, contra 20% que pensam o oposto.

A pesquisa do Datafolha é um levantamento estatístico por amostragem estratificada, com sorteio aleatório. Nesse levantamento, foram entrevistados 3.044 pessoas, em 122 municípios distribuídos por todos os Estados e Distrito Federal.
A margem de erro desta pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A direção do Datafolha é dos sociólogos Antonio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Emília De Franco, Mauro Francisco Paulino e a estatística Renata Nunes Cesar.

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