São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995
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"Ouvi muitos gritos de crianças"

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A empregada doméstica Maria de Lourdes Venik, 32, foi uma das vítimas resgatadas com vida dos escombros do edifício Atlântico. Ela ficou 12 horas presa.
"Foram horas de pavor. Ouvi muitos gritos, principalmente de crianças", disse Venik. Ela sofreu fratura exposta na perna direita e lesões nos pés. Seu estado de saúde é bom, segundo os médicos.
Venik trabalhava para a família Saliba Costa, de Araucária (região metropolitana de Curitiba), e disse que na hora do desabamento estava na cozinha com Rosana Pereira, Olga Glebus e Archelau Torres Neto. Os três morreram no acidente.

Agência Folha - Como foi o acidente?
Maria de Lourdes Venik - Eu estava na cozinha com a Rosana, Olga e o Archelau, quando ouvi um barulho muito forte por volta das 10h. Em seguida, vi o teto se abrindo e o chão também.
Agência Folha - O que aconteceu em seguida?
Venik - Eu caí no vão que se abriu no chão junto com os outros. Fiquei presa com o armário da cozinha nas minhas costas e a geladeira em cima das minhas pernas. Estava numa posição parecida com a de um feto.
Agência Folha - A senhora chamou por algum dos três que estavam na cozinha?
Venik - Não dava porque a respiração era muito difícil devido à poeira. Foram horas de pavor. Ouvi muitos gritos, principalmente de crianças.
Agência Folha - A senhora chegou a pensar que não seria socorrida a tempo?
Venik - Em nenhum momento. Tinha certeza de que sairia dali viva. Estive consciente o tempo todo.

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