São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo quer ajuda de US$ 500 mi a México

GUSTAVO PATÚ; VIVALDO DE SOUSA; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro deverá iniciar uma negociação de bastidores com líderes do Senado para articular um socorro financeiro ao México de US$ 500 milhões, e não mais US$ 300 milhões, como foi previsto antes.
A decisão de conceder o auxílio ao México está tomada, embora o valor ainda dependa de entendimentos externos, em especial com a Argentina. Mas a intenção do governo é conduzir a negociação sem pressa, evitando o desgaste político de discutir publicamente o assunto com o Senado.
Qualquer empréstimo do Brasil para o México vai precisar de aprovação do Senado. A avaliação é do procurador-geral da Fazenda Nacional, Luiz Carlos Sturzzeneger, e já foi repassada ao ministro da Fazenda, Pedro Malan.
A opção por negociar com os senadores nos bastidores ganhou força diante da decisão do governo dos Estados Unidos, anunciada ontem, de liberar US$ 47,5 bilhões em favor do México, país em grave crise econômica.
Segundo esse raciocínio, a ajuda dos EUA ao México faz com que o governo ganhe tempo: não há urgência para o socorro brasileiro, até porque o volume de dinheiro envolvido é insignificante perto do pacote norte-americano.
O momento atual não é o mais propício para submeter o projeto ao Senado, onde há resistências à idéia de socorrer o México a pedido dos EUA, tanto entre partidos de esquerda como entre aliados.
A tática de retardar a formalização do auxílio ao México servirá também para que o governo negocie com os demais países envolvidos na operação —Argentina, Chile e Colômbia— sua participação na linha de crédito a ser oferecida ao governo mexicano.
É certo que os quatro países sul-americanos formarão uma linha de US$ 1 bilhão. Mas a distribuição imaginada incialmente —Argentina e Brasil, US$ 300 milhões cada e US$ 400 milhões divididos igualmente entre Chile e Colômbia— deve ser abandonada.
Técnicos e assessores ligados à equipe econômica avaliam que, pelo tamanho de sua economia e o nível de suas reservas em ouro e dólar, o Brasil é o candidato natural a arcar com a maior participação na linha de crédito: provavelmente a metade.
O governo brasileiro também está estudando de que maneira será concedido o empréstimo. É intenção da área econômica obter garantias para os recursos que devem ser emprestados para o México. Eles devem sair das reservas internacionais brasileiras.

FHC e as Bolsas
O presidente Fernando Henrique Cardoso passou o dia de ontem acompanhando o movimento das Bolsas de Valores, através do computador instalado em sua mesa no Palácio do Planalto.
FHC disse, durante suas audiências, que está preocupado com as repercussões econômicas da crise financeira do México.
Ontem, FHC conversou com o presidente americano, Bill Clinton.O presidente manteve a disposição de colaborar, em conjunto com a Argentina, Colômbia e Chile, com o esforço norte-americano de ajuda financeira ao México.

Texto Anterior: Carro popular pode ter mais IPI
Próximo Texto: FMI monitora contas públicas na Argentina
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.