São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Marchands sugerem opções

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se ficar em preferências pessoais como Manabu Mabe ou dependente dos acervos do Palácio do Planalto e do Ministério da Fazenda, FHC não poderá fazer muito pela arte brasileira —fará bem menos do que poderia.
Para marchands e colecionadores ouvidos pela Folha, o fato de o presidente ser um intelectual e estar sinalizando importância para as artes plásticas brasileiras é bem-vindo, mas dará resultado superficial em termos de mercado ou opinião.
Já a idéia de rodízio é acolhida com louvor. A combinação de exposições temporárias do acervo com as de artistas jovens teria efeito bastante sensível.
"Se a cada quatro meses houvesse uma troca, o mercado se agitaria muito", diz o marchand Renato Magalhães Gouvêa.
E não só pela valorização da arte jovem. O marchand Peter Cohn observa, por exemplo, que o acervo do Banco Central é muito mais importante que o do Planalto e não está exposto.
Em 1994, como diretor do Museu de Arte Moderna (MAM) paulista, Cohn propôs ao BC que o acervo fosse cedido em comodato ao museu. Não conseguiu.
"Com os acervos do Planalto e Banco Central, o governo formaria um museu modernista de importância", diz Cohn. Para o colecionador Gilberto Chateaubriand, abrir o "museu" à visitação seria essencial.
O BC tem obras de artistas fundamentais que o Planalto não tem, como Tarsila do Amaral e Ismael Nery.
É preciso, dizem Gouvêa e Cohn, haver demonstração de gosto. Por exemplo: se não tivesse sido figurante de fotos de Fernando Collor, uma tela como a de Antonio Bandeira que costumava ficar às costas do presidente poderia voltar à cena.
Um dos mais sofisticados pintores dos anos 50, Bandeira seria segundo eles um símbolo mais útil para FHC do que uma tela de Mabe dos anos 80. "O abstracionismo de Bandeira, sem dúvida, é mais importante que o de Mabe", diz Cohn.

Texto Anterior: Gabinete de FHC será galeria de arte
Próximo Texto: Presidente tem gravura de Goya em casa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.