São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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Eleição da Mesa da Câmara deixa deputados entediados e confusos

MAURICIO STYCER
Enviado especial a BrasíliaDepois da festa de posse, anteontem, os deputados tiveram ontem, na eleição da Mesa da Câmara, a primeira aula real de Congresso —e saíram de lá confusos, entediados e decepcionados.
Mais de 30 parlamentares, inclusive do PT e do PFL, deixaram o plenário para tomar cafezinho numa sala ao lado enquanto discursavam os dois candidatos à Presidência da Casa, José Genoino (PT-SP) e Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
O desinteresse pelo que estava ocorrendo também se manifestava nas conversas animadas de grupinhos, à direita e à esquerda, que permaneceram a sessão inteira de costas para o então presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), que presidia os debates.
"Onde é o banheiro?" e "Onde é a sala do cafezinho" eram algumas das perguntas que os novatos faziam com maior frequência aos seguranças da Câmara.
Preocupado com os riscos da inexperiência, o jornalista Fernando Gabeira (PV-RJ) pedia passagem entre jornalistas e deputados que batiam papo fora do plenário: "Deixa eu entrar para não votar por acidente no Luís Eduardo".
Gabeira foi à sessão vestindo sandálias de couro, com sola de pneu. "Gostaria de me vestir o mais próximo de como ando no Rio, de short e sandálias. Mas aqui só é permitido andar de sandália", dizia, vestindo um terno claro.
A nova legislatura introduz também os novos papagaios-de-pirata, aqueles que aparecem em todas as fotos por ficarem à sombra de figuras importantes.
Ontem, estrearam na função, do alto da Mesa, os deputados Celso Russomanno (PSDB-SP) e Moisés Lipnik (PTB-RR).
Dentro do clima de informalidade da sessão, não faltaram, ainda, os aliciadores de voto na boca-de-urna.
O deputado Wilson Campos (PSDB-PE), candidato à primeira-secretaria, levou a irmã Cecília para pedir votos dentro do plenário e contou também com a ajuda de conterrâneos, que ficavam cantando seu nome ao lado da urna.

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