São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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Governo decide hoje diretorias do BB e CEF

Indicações técnicas deverão superar as políticas

GUSTAVO PATÚ; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo define hoje, após um mês de negociações, a composição das diretorias do Banco do Brasil (BB) e da CEF (Caixa Econômica Federal).
A equipe econômica conseguiu uma vitória: as indicações técnicas deverão superar as políticas.
Com a escolha dos diretores, que precisou esperar pela composição partidária e regional das mesas diretoras do Senado e da Câmara, os novos presidentes dos dois bancos federais poderão ser empossados na próxima semana.
Os presidentes indicados do BB, Paulo César Ximenes, e da CEF, Sérgio Cutolo, terão maioria nas diretorias para aprovar os programas de redução de pessoal, fechamento de agências e cobrança de dívidas atrasadas elaborados pelo Ministério da Fazenda.
Ximenes, ex-presidente do Banco Central, ganhou do PMDB e do PFL a disputa pela diretoria de Crédito Rural, uma das mais cobiçadas no BB. Seu nome para o cargo é o de Ricardo Conceição, funcionário do BB com trânsito na área econômica do governo.
Os políticos deverão fazer o diretor de Crédito Geral, Produtos e Serviços Bancários. Até ontem, o nome forte para a segunda diretoria mais estratégica do BB era Synval Guazelli, ex-ministro da Agricultura e ligado ao PMDB gaúcho.
Na CEF, Cutolo, ex-ministro da Previdência Social, abriu mão de duas diretorias que serão preenchidas por indicações políticas —a de Habitação, que ficará com o atual presidente da CEF, José Fernando de Almeida, e a de Saneamento.
A indefinição das diretorias do BB e da CEF gerou uma quase paralisia nos dois principais bancos federais do país.
Segundo técnicos do BB, o financiamento agrícola só não foi comprometido porque janeiro é um mês de pouca procura por crédito rural. A safra já foi plantada mas ainda não foi colhida.
Estão suspensos outros programas da instituição, como a criação de novas linhas de crédito, a integração com países do Mercosul e a renegociação de dívidas atrasadas.
Na CEF a situação é mais complicada. O atual presidente, que tem apoio político do presidente do Senado, José Sarney, continuará em um cargo-chave.
Segundo a CEF, Almeida fez nomeações importantes para o comando da CEF em janeiro —como a da equipe encarregada da destinação da verba publicitária— sem consultar Cutolo.
(Gustavo Patú e William França)

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