São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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'Entramos em pânico quando vimos fogo'

CAROLINA CHAGAS; ROGERIO WASSERMANN; DANIELA FALCÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Entramos em pânico quando vimos o fogo na turbina", afirmou o argentino Guillermo Baglioni, 31, um dos passageiros do Boeing da Vasp que fez um pouso forçado ontem no Aeroporto Internacional de Cumbica. "Pensamos que o avião ia explodir."
Baglioni conta que os passageiros foram avisados que o avião retornaria a São Paulo por problemas técnicos.
"O comunicado do comandante deu a entender que não se tratava de nada grave", disse.
Durante o pouso, segundo Baglioni, os passageiros não foram orientados quanto às precauções a serem tomadas. "Alguns se curvaram por conta própria, outros não mudaram de posição."
Muitos passageiros reclamavam que as esteiras infláveis não estavam totalmente cheias na hora em que eles saíram da aeronave.
"Tivemos que pular de uma altura de três metros. Muita gente se machucou nesta queda", afirmou uma argentina de 14 anos que se identificou apenas como Bibiana.
Para o engenheiro paulista Carlos Ricardo Janikian, 30, a tripulação e o comandante foram perfeitos. "Devo minha vida a eles e sempre vou lembrar disso."
Janikan foi o primeiro passageiro a pular do avião pela porta traseira. "Ajudei o comissário a abrir a porta porque ele estava machucado." Ele embarcou ontem às 14h para Buenos Aires. "Não achei que fosse ficar traumatizado, mas tive muito medo."
Comandante
O piloto que fez ontem o pouso de emergência no aeroporto de Cumbica foi afastado temporariamente de suas funções e está hospedado na casa de familiares em Niterói (RJ).
"Não sou um herói", disse o comandante Fernando César Silveira ontem à Folha. "Somos treinados para esta situação e eu sabia exatamente o que estava fazendo."
Silveira, que afirmou trabalhar como comandante da Vasp "há mais de 8 anos", não quis fazer mais comentários sobre a aterrissagem. "Fui orientado para não dizer nada do ocorrido até que o laudo da perícia seja divulgado."
Depois do acidente, o comandante voltou com o resto da tripulação para sua casa no Rio de Janeiro. Lá, foi procurado por seu superior que pediu que ele não falasse com a imprensa e procurasse descansar.
(Carolina Chagas, Rogerio Wassermann e Daniela Falcão)

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