São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995 |
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Representantes de cultos afros defendem uso de pólvora em rituais LUÍS EDUARDO LEAL* LUÍS EDUARDO LEAL
"Retirar a pólvora dos nossos rituais é como retirar a hóstia dos católicos", disse o babalorixá Valmir Damasceno, 31, presidente da Federação Nacional de Tradição e Cultura Afro-Brasileira. Segundo Damasceno, associações e terreiros vêm recebendo telefonemas —alguns deles ameaçadores— desde que houve a explosão, no sábado passado, na loja de artigos de umbanda em Pirituba. Cássio Ribeiro, 28, presidente da Federação de Umbanda e Cultos Afros do Estado de São Paulo, disse que alguns rituais, como o de "descarrego espiritual", exigem "pequenas quantidades de pólvora seca, sem oferecer risco". Ribeiro simulou um ritual com pólvora na calçada em frente à Secretaria de Segurança Pública. Ribeiro fez um desenho simbolizando a entidade Exu ("não tem nada a ver com diabo", frisou) e pôs fogo. Formou-se uma labareda e, em seguida, fumaça. A fumaça, diz, "descarrega" as pessoas e o ambiente e simboliza a comunicação de Exu ("entidade mensageira") com os Orixás. "Defendemos a fiscalização das lojas de umbanda, mas achamos que não há razão para preconceitos contra os terreiros", disse Ribeiro. Desde o início da semana, a Polícia Civil apreendeu 1,5 tonelada de fogos e pólvora em lojas. *Colaborou a FT Texto Anterior: 'Entramos em pânico quando vimos fogo' Próximo Texto: Pedreiros dizem que prédio tinha falha estrutural Índice |
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