São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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Argentina já admite buscar ajuda no FMI

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia, Domingo Cavallo, poderá solicitar ao FMI (Fundo Monetário Internacional) empréstimo semelhante ao obtido pelo México.
Esta hipótese tem chances de se concretizar se agravarem as dificuldades para pagar US$ 5,2 bilhões de encargos da dívida externa em 95.
Apenas no primeiro trimestre de 95, a Argentina tem que desembolsar US$ 1,5 bilhão em amortizações (diminuição gradual da dívida mediante pagamentos periódicos acertados entre credor e devedor).
O secretário de Programação Financeira, Juan Llach, considera que o empréstimo de US$ 17,8 milhões do FMI ao México marca uma mudança no tradicional esquema de financiamento da instituição.
"Não tem precedentes e constitui uma reformulação do papel do FMI frente a seus países membros. A partir de agora, passou a desempenhar um papel preventivo", afirmou Llach.
Llach é um dos principais negociadores com a missão do FMI que chegou na última terça-feira em Buenos Aires para checar a situação das contas públicas.
Até agora, o Ministério da Economia planeja pagar as amortizações com o lançamento de Letras do Tesouro e recursos fiscais. As duas alternativas podem enfrentar problemas.
Dados oficiais do Ministério da Economia divulgados ontem revelam uma queda de 6% em janeiro na arrecadação de impostos em relação ao mesmo período do ano passado.
A crise desencadeada na América Latina pela desvalorização do peso mexicano deve afetar a colocação de títulos argentinos do mercado. O acesso a créditos internacionais está mais difícil.
A Argentina fechou o ano de 94 com um déficit de US$ 6 bilhões na balança comercial. O déficit no balanço de pagamentos - registro de todas as transações econômico-financeiras entre os residente no país com residentes em outros países - atingiu quase US$ 10 bilhões.
"Um país que tenha avançado nas reformas estruturais e tenha suas contas fiscais saneadas pode enfrentar problemas de financiamentos derivados de uma situação externa adversa. Nesse caso, poderia solicitar um crédito do FMI",observou LLach.
No final de fevereiro, Cavallo fará nova maratona pela Europa no esforço de convencer os investidores institucionais a não sair da Argentina.
A Bolsa de Valores de Buenos Aires continua registrando pouco movimento, com uma alta de 0,74%.

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