São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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Consumo alto deixa governo paralisado

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo não sabe o que fazer para deter a alta de consumo, persistente desde real. O Ministério da Fazenda e o BC (Banco Central) avaliam que as alternativas estão esgotadas.
O ritmo das vendas ameaça gerar inflação. As altas taxas de consumo, que podem gerar falta de produtos e consequente elevação de preços, são a principal preocupação da equipe do ministro Pedro Malan (Fazenda) —ao lado dos efeitos da crise mexicana.
Três das medidas imaginadas para conter o consumo estimulado pela estabilidade dos preços são consideradas inviáveis, ou inócuas: elevar os recolhimentos compulsórios de recursos bancários ao BC, incentivar importações e elevar os juros.
O caso dos compulsórios é o mais problemático. Para o BC, o nível atual de recolhimento, o mais alto do mundo, é excessivo e já deveria ter sido reduzido.
Hoje há cerca de R$ 40 bilhões retidos no BC —um terço do volume total de recursos do país.
A equipe econômica planejava reduzir em janeiro os recolhimentos compulsórios, idéia abandonada devido à manutenção da onda de consumo.

Importações
Novos incentivos às importações são idéias proibidas na equipe econômica desde o estouro da crise do México —país que comprometeu suas reservas em dólar após acumular seguidos déficits em balança comercial.
A tendência, inclusive, é dificultar as importações.
Há também uma camisa-de-força que limita a possibilidade de promover uma elevação das taxas de juros: tal medida provocaria um crescimento da dívida interna do governo, hoje beirando os R$ 70 bilhões, e comprometeria o desejado equilíbrio das contas públicas.
Os técnicos do BC e da Fazenda consideram inútil criar restrições como limites máximos para prestações em compras a prazo, dificultar compras com cartão de crédito ou reduzir prazos máximos de consórcios. Tudo isso já foi feito no ano passado e não reduziu o nível de consumo.

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