São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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Regras do futebol precisam ser alteradas

EDMUNDO MAIA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O desenrolar e a finalização da última Copa do Mundo evidenciaram a necessidade das regras de futebol serem alteradas com urgência.
Algumas sugestões já dadas sobre o assunto. Henry Kissinger opinou que a vitória deveria ser dada ao time que tivesse mais escanteios a seu favor. O secretário geral da Fifa e o "Sport Illustrated", dos EUA, defenderam a "morte súbita" ou o "gol de ouro" na prorrogação, em casos de empate, para evitar a decisão final por pênaltis. Houve quem sugerisse a marcação de um ponto por gol e de um bônus, a ser determinado, pela vitória. Outros defenderam a substituição sem limite dos jogadores e que algo fosse feito para combater as falhas, os erros, a insegurança, a falta de pulso, a complascência de alguns juízes em relação à violência e à indisciplina dos jogadores.
Permito-me agora colocar minhas sugestões. Como em outros esportes, no futebol, a vitória de uma equipe deveria ser determinada pelo critério da contagem de pontos marcados na partida, e não somente pelo número de gols. Assim o empate deixaria de acontecer. Por exemplo, o gol de bola corrida poderia valer dez pontos; o de bola parada, inclusive o pênalti, cinco pontos; a bola na trave, três pontos; o escanteio, um ou dois. A soma total dos pontos apontaria o vitorioso.
Outras alterações propostas: a substituição livre dos 11 jogadores, mesmo nos casos de expulsões. Assim, somente o jogador faltoso seria punido, sem atingir a torcida, interessada em ver o espetáculo disputado por 22 atletas. A eliminação da barreira na cobrança de faltas, para evitar o desrespeito dos jogadores encurtando a distância regulamentar e para proporcionar maior número de gols.
Sobre a atuação do juiz em campo, um ex-diretor do Departamento da Árbitros da FPF defendeu a presença de dois 'olheiros' para avaliar o trabalho do juiz.
Eu proporia a formação de um júri constituído por três representante: um dos árbitros, um dos jogadores profissionais e um da imprensa para, sob a presidência do delegado da entidade oficial, fazerem uma valiação direta sobre a atuação do juiz.
O júri faria a cronometragem exata do tempo de jogo, observaria as falhas, as omissões, os erros, a insegurança, o nervosismo do juiz, advertindo-o, punindo-o e até autorizando sua substituição, em casos extremos. Um sistema eletrônico de comunicação manteria o júri e o juiz em contacto permanente. Estas e outras medidas a serem tomadas, sem dúvida, proporcionariam maiores recursos para o juiz trabalhar com independência, sofrendo menores pressões.
O Internacional Board da Fifa marcou para março deste ano um encontro para discutir as alterações das regras do futebol. Creio ter chegado o momento de ser levantado um amplo movimento público direcionado para a modernização das regras em vigor, para que o futebol seja jogado com mais arte, mais inteligência, mais dinamismo e menos violência.

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