São Paulo, segunda-feira, 6 de fevereiro de 1995
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Déficit do Tesouro pode atingir R$ 15 bi

GILBERTO DIMENSTEIN ; VALDO CRUZ

Serão necessários mais cortes no Orçamento e aumentar combate à sonegação para previsão deste ano ser revertida
GILBERTO DIMENSTEIN
Diretor da Sucursal de Brasília
VALDO CRUZ
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
O governo refez os cálculos e estima que o déficit do Tesouro Nacional em 95 pode chegar a R$ 15 bilhões. O presidente Fernando Henrique já determinou que esta previsão tem de ser revertida.
Isto significa que o governo terá de fazer mais cortes no Orçamento, além dos anunciados pelo ministro José Serra (Planejamento). O governo quer ainda elevar sua receita combatendo a sonegação.
O número anterior do déficit —gastos superiores à receita— era de R$ 12 bilhões.
Com o aumento salarial concedido ao funcionalismo público, os gastos do Tesouro subiram mais R$ 6 bilhões. O rombo pulou, então, para R$ 18 bilhões.
Mas com os cortes de R$ 3 bilhões feitos no Orçamento por Serra, o governo conseguiu reduzir para R$ 15 bilhões o rombo previsto para 95.
Este número não leva em conta o déficit da Previdência Social, que deve fechar o ano com um rombo superior a R$ 3,2 bilhões. E pode subir ainda mais com o aumento do salário mínimo em maio.
Serra e o ministro da Fazenda, Pedro Malan, já estudam medidas para tapar este buraco.
A equipe econômica considera essencial um equilíbrio nas contas públicas para evitar a volta dos tempos de inflação elevada.
O governo deve enfrentar dificuldades com o Congresso para fazer novos cortes no Orçamento. O ministro Serra foi criticado quando decidiu cortar as emendas feitas ao Orçamento no Congresso.
Serra promete discutir com os congressistas os novos cortes, para tentar evitar problemas para o presidente FHC na votação das propostas da reforma constitucional.
O governo crê que terá um Orçamento real e totalmente equilibrado somente em 96, com as mudanças no texto da Constituição.
Em 95, a equipe econômica se conformou em repetir a receita de 94 —segurar gastos principalmente na boca do caixa do Tesouro.
Em 94, o governo foi beneficiado com a lentidão do Congresso, que somente aprovou o Orçamento no final do ano.
Com isso, o Tesouro conseguiu fugir das pressões por gastos, sempre alegando que os parlamentares não tinham aprovado a proposta orçamentária.

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