São Paulo, segunda-feira, 6 de fevereiro de 1995
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Governo e trabalhadores defendem Imposto de Importação maior

DA REDAÇÃO

A idéia de conter importações de carros sem provocar aumentos de preços no mercado interno une governo e trabalhadores na primeira reunião da câmara setorial automotiva, que se realiza hoje.
Volkswagen e General Motors também são favoráveis à proposta. A Ford, que tem como estratégia para 95 aumentar sua participação no mercado com importados, entre eles o Fiesta, se opõe à medida. A Fiat, maior importadora do país, também não gosta da idéia.
No ano passado, o governo procurou estimular o que hoje quer conter: as importações de carros. Se antecipou aos acordos do Mercosul e reduziu a alíquota do Imposto de Importação para 20%. O objetivo, dizia, era acabar com o ágio sobre o carro "popular".
Mas, agora, ao tomar conhecimento das estimativas de importação para este ano —450 mil unidades, 150% a mais do que no ano passado— o governo se assustou. Só as montadoras querem trazer 300 mil unidades em 95.
A crise do México deixou claro os riscos do estímulo a déficits comerciais (importações maiores do que exportações). Por isso contribuiu para que o governo mudasse sua política de abertura e convocasse a câmara setorial automotiva, antes colocada na "geladeira".
O governo estuda duas alternativas básicas para conter as importações: trazer de volta a alíquota de importação para 35% ou fixar cotas de importados, como acontece na Argentina.
A primeira proposta é a preferida pelo governo, pois é considerada menos burocrática. Mas pode pressionar preços dos veículos no mercado interno, o que o governo quer evitar com a negociação marcada para hoje.
Os trabalhadores defendem a idéia do governo pois vão perder postos de trabalho se as importações se tornarem mais "negócio" para as montadoras.
O emprego é a principal preocupação das centrais sindical (CUT e Força Sindical), que querem fixar metas de contratação proporcionais ao aumento da produção.
A idéia é que para cada aumento de 3% na produção nacional haja um crescimento de 1% no nível de emprego do setor.
Para contar com o apoio dos sindicalistas, o governo terá de discutir emprego, salários e participação nos lucros.

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