São Paulo, terça-feira, 7 de fevereiro de 1995
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Motta anuncia outro petista no governo

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, informou ontem que a ex-deputada Irma Passoni (PT-SP) aceitou ser sua assessora especial no ministério.
A ex-deputada, no entanto, afirma que ainda não decidiu aceitar o cargo em razão de problemas partidários. Até ontem à noite, ela procurava Motta para saber se havia alguma forma de assessorar informalmente o ministério sem assumir um cargo (leia reportagem nesta página).
Se Irma Passoni aceitar a função, será o segundo membro do PT a integrar o governo, depois do ministro da Cultura, Francisco Weffort.
O ministro disse não se preocupar com eventuais atritos que a eventual nomeação possa provocar entre o governo e as forças que controlam o setor das comunicações. "Dialeticamente, a coexistência com a divergência é o que faz o crescimento do mundo", afirmou o ministro.
Quando assumiu o ministério, há pouco mais de um mês, Motta criticou a distribuição política das concessões de rádio e TV na década de 80, período em que o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), um dos principais aliados do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi ministro.
Ao fazer a crítica indireta a ACM, Motta defendia então o que chamou de "controle social dos meios de comunicação".
A resposta de ACM veio numa crítica dura ao pronunciamento do presidente Fernando Henrique na TV, na sexta-feira. FHC também criticou o uso político das concessões de rádio e TV e defendeu licitações públicas como critério de distribuição.
ACM chamou de "hipocrisia" a defesa das licitações e disse que elas só vão beneficiar os que têm dinheiro. Afirmou ainda que as licitações sempre acabam numa decisão arbitrária do ministro ou do presidente.
Ontem, Motta respondeu às críticas de ACM e sugeriu que ele representa o passado no Brasil: "Eu respeito o senador. Ele teve um papel na história do Brasil. Eu estou construindo o futuro do país", afirmou.

Profissional
Ao defender a escolha de Irma Passoni, Motta disse que, "além de uma liderança política, é uma profissional de alta competência". A ex-deputada já atuou em comissões na área (leia reportagem nesta página).
Passoni deverá atuar na elaboração da nova legislação que o ministro quer montar para, segundo ele, "tornar mais rigorosos" os critérios de concessão de canais de rádio e televisão".
Motta disse que o governo FHC quer evitar a concentração de canais em mãos de poucos grupos e garantir a "pluralidade dos meios de comunicação".
"Precisamos de critérios que evitem a concentração e permitam a pluralidade. Há cidades com quatro canais do mesmo grupo", afirmou o ministro.
"Temos de preservar a produção regional, o caráter educativo da programação, levar o país ao Primeiro Mundo", complementou o ministro.

Despolitização
Segundo ele, a "despolitização" das concessões, com critérios profissionais, interessa aos grupos que "fizeram sucesso", como as Organizações Globo.
"A Globo se consolidou pela competência profissional e de gestão. Sentimos uma abertura da Globo, do SBT, da Bandeirantes, para entender que queremos construir uma sociedade moderna e justa".
O ministro afirmou que o governador Marcello Alencar (PSDB), com quem almoçou no palácio Laranjeiras (Laranjeiras, zona sul do Rio), vai participar da escolha dos dirigentes da Embratel e da Telerj, com sede no Rio.

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