São Paulo, quinta-feira, 9 de fevereiro de 1995
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Filme comercial não funciona

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Uma mania bem brasileira, ao fazer filmes de reconstituição de época, é entupir a tela com sinais dessa época, como se o simples acúmulo de signos pudesse recriar sua verdade.
Em "Banana Split" (Bandeirantes, 22h) é um pouco isso que acontece. Mas o filme tem um problema adicional nada desprezível: ao narrar a vida de jovens dos anos 60, numa estação de férias na montanha, Paulo Sérgio Almeida parece ter tido a preocupação de ser simples e acessível.
O enigma, no caso, não diz respeito apenas a este filme, mas à imensa maioria dos filmes brasileiros que têm a preocupação de ser comerciais: em 99% dos casos, a coisa dá pra trás.
Então, isso não diz respeito ao cineasta, mas a uma cultura e ao estatuto que o cinema ocupa nela. Não estamos nos EUA e o cinema não é uma arte popular. Para o bem ou para o mal, popular é a TV.
Parece cada vez mais difícil promover, no Brasil, o encontro entre a invenção e o grande público. Se ele acontece, certamente não é por ser uma coisa procurada.
Se Myriam Rios não ajuda "Banana Split" em nada, Kathleen Turner está no pólo oposto. Em "Crimes de Paixão" (Globo, 0h) ela dribla os mil maneirismos de Ken Russell e impõe uma personagem fascinante.
(IA)

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