São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 1995 |
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Novo mínimo eleva consumo em R$ 1,5 bi Estimativa é de Mailson e Barrizzelli MÁRCIA DE CHIARA
O cálculo de Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, é compartilhado por outro economista, Nelson Barrizzelli, da Universidade de São Paulo. "Aumentar o salário mínimo hoje é como jogar gasolina na fogueira", diz Nóbrega. Segundo ele, essa nova injeção de recursos nas mãos de uma população com renda mais baixa vai direto para o consumo de alimentos e vestuário, atualmente já bastante aquecido. "Como esses itens pesam na inflação, isso colocaria em risco a estabilidade de preços alcançada com o Plano Real", afirma. Barrizzelli concorda que a maior parte desse dinheiro adicional vai direto para o compra de alimentos, vestuário e eletroportáteis de menor valor. Discorda, porém, sobre os efeitos inflacionários. "Há oferta suficiente de produtos populares e a safra de grãos, que começa a entrar no mercado, pode ajudar a segurar os preços", diz. Nas contas de Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo, um possível aumento de R$ 30 no salário mínimo não deve ter impacto nos preços dos alimentos. Motivo: no mês que vem, começa a colheita da nova safra de verão e cresce a oferta de arroz, milho e soja. "Tudo pode aumentar. O único preço que não pode é o salário porque dizem que é inflacionário", diz o economista José Maurício Soares, do Dieese. Segundo ele, a grande oferta hoje de carne e a possibilidade de importar alimentos criam condições favoráveis ao maior consumo de alimentos no curto prazo, sem reflexos nos preços. "A desculpa do governo de que o consumo está aquecido e que, por isso, não pode aumentar o salário mínimo é apenas uma cortina de fumaça", diz Barrizzelli. Para o economista, o problema é a necessidade de o governo se endividar para pagar os benefícios da Previdência e a folha de pagamento dos Estados e dos municípios. Texto Anterior: Venda à vista cresce 35,9% em fevereiro Próximo Texto: Produção industrial deve crescer 6% Índice |
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