São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 1995 |
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Peru rejeita trégua e prossegue ofensiva
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS O Peru intensificou ontem seus ataques por terra e por ar ao destacamento militar equatoriano de Tiwinza, na fronteira disputada pelos dois países. O presidente Alberto Fujimori afirmou que o conflito continuará até que todos os invasores tenham deixado o território peruano, por bem ou por mal.Em seu discurso mais duro desde o início das hostilidades, em 9 de janeiro, Fujimori rejeitou a trégua humanitária proposta pelo Equador anteontem em Brasília (veja texto nesta página). Ele disse que os equatorianos estão pedindo água ou tentando distrair nossa atenção e que uma trégua não teria cabimento a esta altura das hostilidades. Fujimori agiu como teria agido qualquer peruano, elogiou o ex-secretário-geral da ONU Javier Pérez de Cuellar, principal candidato de oposição à Presidência, ao jornal argentino Página/12. Apesar do apoio que Fujimori tem recebido nos meios políticos, 85% dos peruanos (e 97% dos equatorianos) acreditam que a guerra não é solução para a disputa, segundo pesquisa publicada pelo diário limenho El Comercio. O levantamento indica que 97% dos equatorianos acreditam que o agressor é o Peru, enquanto 87% dos peruanos atribuem ao Equador o início das hostilidades. A maioria dos peruanos (67%) acha que a melhor solução estaria no respeito ao Protocolo do Rio, de 1942, que fixou as fronteiras entre os dois países; 96% dos equatorianos defenderam a negociação de outro acordo. Uma mediação do conflito pelo papa João Paulo 2º (proposta ontem pelo Equador) seria apoiada por 65% dos equatorianos e por apenas 15% dos peruanos. O comando das Forças Armadas do Equador anunciou fortes combates terrestres e aéreos em Tiwinza e Cueva de los Tayos. Se desconhecem perdas de pessoal e todo o setor se encontra sob controle de nosso Exército. Suas unidades intensificam as operações para destruir as patrulhas peruanas infiltradas na área. O comando equatoriano anunciou pela primeira vez o uso de aviões e helicópteros no conflito. O Peru já vinha recorrendo à guerra aérea desde que os combates se intensificaram, em 26 de janeiro. Segundo informes extra-oficiais, o Peru tem 144 caças, 36 aviões de transporte e 74 helicópteros armados; o Equador teria 42 caças, 17 aviões de transporte militar e 19 helicópteros. As últimas informações oficiais do Equador sobre baixas, de quarta-feira, falam em 11 mortos e 28 feridos entre os equatorianos. Em seu discurso em Lima, Fujimori reconheceu 36 mortos e 60 feridos entre os peruanos. Informes extra-oficiais, porém, falam em mais de 300 mortos até agora dos dois lados. Militares equatorianos que não quiseram ter seus nomes revelados voltaram a acusar as tropas peruanas de usar armas químicas proibidas e de torturar prisioneiros. Sabemos que os peruanos estão lançando gases tóxicos desde o ar para tentar forçar nossas fileiras à rendição, disse um general. Segundo ele, muitos peruanos combatem dopados com cocaína. Em Patuca, na zona de combate, o coronel equatoriano José Grijalba anunciou que um quinto helicóptero peruano foi derrubado. O Peru concentrava tropas e aviões Tucano (de fabricação brasileira) e Canberra ontem nas bases de Ciro Alegria e El Milagro, em Bagua, aparentemente para intensificar os ataques a Tiwinza. Em Quito, o general reformado René Vargas, ex-comandante do Exército equatoriano, disse que as Forças Armadas de seu país têm um plano segundo o qual cem objetivos estratégicos em território peruano poderiam ser destruídos em questão de horas no caso de o conflito, até agora restrito à fronteira, se generalizar. Texto Anterior: Jurada diz que Yousef liderou ataque ao WTC Próximo Texto: Avalistas estudam envio de missão à região Índice |
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