São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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Abono chega a três salários

DA REPORTAGEM LOCAL

No final do ano passado, a Rhodia do Brasil destinou US$ 8 milhões para o pagamento de abonos. Pelo segundo ano consecutivo, a empresa contabilizava polpudos ganhos e decidia dividi-los com seus 9.700 funcionários.
Desse total, US$ 5.000 chegaram aos bolsos dos trabalhadores. O restante foi destinado ao pagamento de encargos sociais —a MP 794 não havia sido publicada.
Ricardo Reis, 28, operador de empilhadeira no armazém da Rhodia Farma, foi um dos beneficiados. Além do 13º, recebeu mais R$ 300 em dezembro, o equivalente a 60% da sua remuneração mensal.
Há dez anos na empresa, ele participou da implantação dos times autogerenciados e da organização da produção em células. Assumiu, consequentemente, outras tarefas, como controle do estoque.
"Não temos mais tempo ocioso na rotina de trabalho", afirma Reis, que saldou dívidas antigas com o abono de R$ 300.
A medida provisória é aberta no que se refere aos critérios que devem embasar a participação dos funcionários nos resultados.
Ela não é impositiva ao vincular esses novos ganhos dos funcionários aos lucros. Produtividade, qualidade e atendimento ao cliente podem ser a base para os cálculos. Tudo depende de um acordo entre empresários e trabalhadores.
O modelo de remuneração variável adotado pelo Grupo Monsanto há três anos, por exemplo, não leva em consideração apenas o desempenho financeiro.
Também são levados em conta quesitos como segurança do trabalho e meio ambiente. Se ocorrer um acidente fatal com um funcionário, os colegas de unidade ficam sem um tostão de participação.
Regiane Frignani, 27, assessora técnica de vendas, deverá receber quase três salários a mais por causa do desempenho da unidade química, onde trabalha. Em 94, ela recebeu cerca de US$ 600, com apenas três meses de casa.
"Com esses rendimentos extras, vou formar um pecúlio para ajudar na compra de um sítio. Meu objetivo é criar gado leiteiro e produzir queijos finos", planeja.

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