São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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Privatizações lerdas

A retomada do programa de privatização é por si só um bom sinal. O processo estava praticamente interrompido desde agosto do ano passado quando o ex-presidente Itamar Franco suspendeu os leilões sob o argumento de reavaliar algumas das empresas. O anúncio das vendas que o governo federal pretende fazer neste primeiro semestre de 1994, entretanto, decepcionam por sua timidez.
Prevalece basicamente o programa previsto desde o governo Collor e, mesmo assim, parcialmente. Serão vendidas as participações do governo federal em empresas do setor petroquímico. Mas nada foi dito sobre a privatização de grandes empresas como a Rede Ferroviária Federal S.A., presente no programa inicial, nem sobre metas eventualmente mais ambiciosas, envolvendo os setores de mineração ou telecomunicações.
O único ponto em que o governo federal avançou concretamente foi no anúncio da desestatização do banco Meridional. A importância de incluir as instituições financeiras estatais na necessária reengenharia do setor público é hoje mais do que evidente. O Meridional é apenas um dentre os cinco bancos federais. Sua privatização pode, entretanto, servir de experiência e exemplo para o combalido sistema de bancos estaduais.
Na área de energia elétrica, as esperadas desestatizações e a maior abertura à participação do setor privado tampouco mostram o impulso que seria desejável. Foi marcado para 10 de maio o leilão da Escelsa (Espírito Santo Centrais Elétricas) e não mais que isso. Complicações envolvendo a a dívida entre a Eletropaulo e a Light, avaliada diferentemente pela União e pelo Estado de São Paulo, podem retardar ainda mais as privatizações no setor.
Assim, parece claro que também nesse aspecto o governo Fernando Henrique Cardoso está se mostrando tímido, mesmo face às expectativas mais realistas. Falta de dinamismo e ousadia, lamentavelmente, parecem marcar também o processo de privatizações.

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