São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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SIGNOS EM ROTAÇÃO

Ofiúco é apenas parcialmente encoberta pelo Sol, em dezembro - diferentemente das outras constelações associadas a signos astrológicos. A palavra grega que lhe dá nome significa serpentário; sua origem tem explicação mitológica. Para os gregos, Ofiúco surgiu no céu quando Zeus, irado com os poderes de cura do deus Asclépio (Esculápio, para os romanos), fulminou-o com um raio e o transformou em constelação (leia texto nesta página). Daí a sugestão de Mitton para o nome do novo signo -Esculápio.
Um dia depois de armada a confusão - supôs-se que Mitton propunha a criação de um novo signo -, enquanto sagitarianos pelo mundo afora se viam atirados subitamente em um Butantã cósmico, astrólogos reagiam com cobras e lagartos (os mais ortodoxos) ou boas risadas (os mais calejados). "Ou esta mulher é ignorante, ou quer se promover", diz Claudia Hollander, 47, astróloga da Folha. "Que há mais de 12 constelações, todos sabem. Mas a astrologia leva em consideração apenas 12 signos, que são simbólicos, ao contrário das constelações". "Se ela criar um sistema de cálculo matemático que inclua um 13º signo e funcione tão bem quanto este, usado há mais de 5.000 anos, vou adorar", completa a astróloga Graça Medeiros.
A impressão generalizada foi que, mais que esclarecer diferenças, Mitton tentava fazer o que muitos antes dela já fizeram: cutucar a metafísica astrologia com o argumento da falta de fundamento físico. Ou, como disse a astrônoma à Folha em 21 de janeiro: "Se as pessoas acham que os astrólogos estão usando astronomia atualizada, na verdade eles não estão". De fato, não estão. A questão é: há novidade nisto?
Não há, entre os astrólogos, quem pleiteie verossimilhança física para o zodíaco tradicional - e, nesse ponto, todos concordam com Mitton. A base da astrologia é um céu virtual, concebido em um tempo em que os homens ainda pensavam que a Terra era o centro do universo. Os 12 jogos utilizados até hoje como base para análises e previsões nasceram da observação dos antigos - que acreditavam ver nascer pessoas com características específicas nos períodos marcados pela passagem do Sol por cada uma das constelações.
O zodíaco dividido em 12 partes iguais virou base para cálculos matemáticos que dão conta do trânsito dos corpos celestes por esse céu virtual. A cada corpo celeste - planetas, estrelas de grandeza maior - corresponde um significado. A interação entre os significados, conforme os aspectos formados pelos corpos celestes, determinaria as situações para os nascidos em cada signo.

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