São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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Aumento da inadimplência segura juros do crediário

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento da inadimplência está impedindo que o juro do crediário, hoje de até 15% ao mês ou 435% ao ano, acompanhe a queda da inflação e o custo de captação do dinheiro pelas financeiras.
"Estamos colocando um colchão nas taxas de juros para nos protegermos da inadimplência, que é alta", diz Wanderley Vettore, diretor do Banco Cacique, que financia grandes redes do varejo.
Ele conta que sua financeira cobra de 10% a 11% ao mês em planos de até três vezes e a taxa está sendo mantida desde dezembro.
A Cacique poderia, no entanto, diz Vettore, cobrar taxas um ponto percentual menor, se o calote no crediário não tivesse aumentado.
É que a queda da inflação e a estabilidade no custo de captação de recursos dão mais margem para reduzir os juros, explica.
Sérgio Giorgetti, diretor do Ponto Frio, diz que sua taxa (10% a 15% ao mês) está sendo mantida.
Apesar de vender 60% no crediário, em até 13 vezes, o Ponto Frio é uma das lojas que optaram por colocar na etiqueta do produto apenas o preço à vista.
"Temos mais de 40 modalidades diferentes de pagamento e é inviável explicitar cada uma delas na etiqueta", diz Giorgetti.
Desde a segunda quinzena de janeiro, o comércio é obrigado a informar na etiqueta as condições de pagamento, sob pena de multa.
No Mappin, onde a taxa do crediário varia entre 8,4% e 10% ao mês, o cliente fica sabendo pela etiqueta o preço à vista ou em até três vezes, que é o mesmo valor.
"Cerca de 82% das nossas vendas são à vista ou em até três vezes", diz Sérgio Orciuolo, diretor do Mappin. Quem quiser informações sobre as condições a prazo tem de recorrer ao balcão da loja.
A Arapuã, que desde sexta vende em até 18 vezes, com juros de até 10% ao mês, informa as taxas num cartaz à parte da etiqueta, nas lojas centrais. Nas lojas de bairro, as taxas vêm na etiqueta.
Enquanto os magazines cobram juros elevados, as lojas de vestuário vendem em até três vezes, pelo preço à vista, sem juros.
A TNG, especializada em roupas masculinas, por exemplo, faz o mesmo preço à vista ou em até três prestações. Para vendas em quatro prestações, cobra juros de 3,92% ao mês. Edilson Cabral, superintendente da empresa, diz que consegue ter taxas e preços mais competitivos porque fabrica a própria mercadoria que revende.

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