São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995 |
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Campanha misteriosa promove novela
ARMANDO ANTENORE
São textos telegráficos, mas incisivos, com linguagem policial. Dois exemplos: "Carrasco. Aparência inofensiva. Pode se tornar perigoso e violento. Afaste-se." ou "Fugitiva. Escapou de ser deserdada. Saiu do casamento falida. Aplica pequenos golpes." Para cada texto, há o desenho de um rosto diferente. "Carrasco" é um homem de óculos e bigode. "Fugitiva" é uma mulher de franja. Novamente, predomina o tom policial: as ilustrações lembram retratos falados. Os anúncios param aí. Não dão mais informações sobre os desenhos e as frases. Quem olhar direito, porém, vai ter a impressão de que já viu aqueles rostos em algum lugar. Viu mesmo: os retratos são de Gianfrancesco Guarnieri, Yoná Magalhães e outros atores famosos. Ou melhor, dos 12 protagonistas de "A Próxima Vítima", novela que substituirá "Pátria Minha" em março. A Agência da Casa —departamento da Central Globo de Comunicação— responde pela campanha publicitária. Os anúncios, que também estão no rádio e na televisão, pretendem familiarizar o público com a novela de Sílvio de Abreu. É uma operação lenta e gradual. Primeiro, revelam-se o rosto e o perfil psicológico dos personagens. Depois, contam-se partes do enredo. Por fim, vem a explicação de que os anúncios se referem a um novo produto da Globo. "Divulgaremos os retratos falados até quinta-feira. Na sexta, iniciaremos outra etapa da campanha. Seguiremos assim até o dia 13 de março, data prevista para a estréia da novela", afirma o publicitário Gustavo Bragança, 44, que dirige a Agência da Casa. Os anúncios reproduzem o clima de mistério que predominará em "A Próxima Vítima". "É uma trama policial, cheia de assassinatos. Daí optarmos por mensagens que levam o público a brincar de detetive", explica Bragança. Uma desenhista da polícia civil carioca fez as ilustrações da campanha, que deverá atingir outdoors das grandes cidades brasileiras até o fim de fevereiro. É a primeira vez que a Globo divulga uma novela com tanta antecedência e com tamanho requinte. "Partimos para uma estratégia pouco usual porque queremos valorizar nosso produto", limita-se a dizer Gustavo Bragança. As palavras do publicitário escondem a real motivação da campanha. A Globo está preocupada com o ibope de suas novelas. O gênero enfrenta uma crise sem precedentes na emissora. "Pátria Minha" e "Irmãos Coragem", duas tramas em que a rede investiu pesado, não alcançam bons índices de audiência. Por outro lado, há pelo menos quatro anos o SBT vale-se de campanhas agressivas para promover seus programas. A Globo costumava ignorá-las. Parece que, agora, mudou de estratégia. Texto Anterior: Benetton abre exposição com chá e arroz Próximo Texto: Oeste envelhece com Kennedy Índice |
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