São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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Oeste envelhece com Kennedy

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Terça-feira de completa miséria, o que dá a oportunidade de examinar um pouco o caso Burt Kennedy, o diretor de "Basta, Eu Sou a Lei" (Record, 21h30).
Como roteirista, foi um dos principais responsáveis pela série de faroestes brilhantes que uniu o diretor Budd Boetticher e o ator Randolph Scott. Era de esperar que passasse à direção levando na bagagem a capacidade de construção rigorosa, sem concessões, à qual a série devia parte de seu charme.
O que aconteceu foi outra coisa. "Basta, Eu Sou a Lei" é um dos exemplos dessa passagem: opção pela comédia em doses desproporcionais ao que se espera num faroeste, especial falta de convicção da direção, roteiro em que a ação vai para qualquer parte.
Aceita-se que Kennedy tivesse mais dotes de roteirista do que de diretor. Entende-se que a década de 60 foi, no geral, pouco feliz para o cinema americano. Aceita-se com menos facilidade a falência em mais ou menos toda a linha de uma das esperanças desse cinema.
A trama do filme de hoje resume-se mais ou menos pelo combate de um veterano xerife a um bando de assaltantes. Não é memorável. Sente-se o oeste envelhecendo. Mas é menos a sensação de crepúsculo que temos em certos filmes de Peckimpah, por exemplo. O sintoma de velhice, no caso, é a ausência de crenças, que está menos naquilo que o filme mostra do que na maneira molenga como mostra.
(IA)

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