São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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México diz ter retomado pleno controle de Chiapas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo mexicano afirmou ontem ter recuperado pleno controle do Estado de Chiapas, onde atua a guerrilha zapatista, ao mesmo tempo em que foi acusado de praticar violações aos direitos humanos na repressão.
O governo informou ter restabelecido pacificamente sua presença em Chiapas, de onde esteve ausente que durante 14 meses.
O movimento guerrilheiro Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) acusou o governo de praticar abusos e violência desde quinta-feira, quando o presidente Zedillo iniciou uma caçada aos líderes guerrilheiros.
"Você está mentindo, senhor Zedillo. Nós estamos sendo bombardeados e metralhados. O governo está nos matando, está matando crianças, está batendo e estuprando mulheres", diz o comunicado.
O presidente Zedillo voltou a negar as acusações de violência por parte do Exército. Segundo ele, o comunicado do EZLN era absolutamente falso e a situação no Estado era calma.
"As ações tomadas para cumprir o mandato judicial de captura estão sendo realizadas dentro da lei e com o estrito respeito aos direitos humanos", afirma o governo.
O Exército está invadindo desde quinta áreas controladas pelo EZLN para prender o líder do movimento, subcomandante Marcos.
O EZLN estaria se escondendo na selva da Lacandona, evitando o confronto. O Exército estaria encontrando vários povoados vazios.
Em outro comunicado, o subcomandante Marcos negou ser Rafael Sebastián Guillén Vicente, que segundo o governo seria a sua real identidade.
"Ouvi falar que descobriram um outro Marcos. Ele é bonito? É que ultimamente estão me retratando como um homem feio, e assim me arruinam a correspondência feminina", ironizou o líder zapatista.
Ele disse ainda ter 300 balas e que o Exército deveria mandar 299 soldados para prendê-lo. "Por que 299, se são 300 balas? Porque a última é para esse vosso criado".
"Permaneceremos de pé, lutando, morreremos de pé, nunca recuaremos para voltar a viver de joelhos", continua Marcos.
Os zapatistas afirmaram no domingo que não deixaram "que nada aconteça com Marcos e se algo acontecer a ele, não ficaremos com nossos braços cruzados, porque nós não traímos o sangue de nossos mortos".
Marcos afirma também que o governo está usando aviões na repressão ao movimento guerrilheiro. O governo nega.
A guatemalteca Rigoberta Menchú, Nobel da Paz em 92, pediu uma solução pacífica para os conflitos no Chiapas.
Três supostos líderes zapatistas presos nos últimos dias foram transferidos para uma penitênciária de segurança máxima próxima da capital.

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