São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 1995
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Servidores de SP podem ter salário parcelado em março

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Fazenda do Estado de São Paulo, Yoshiaki Nakano, disse ontem que será "difícil" o pagamento em dia da folha de salários do funcionalismo estadual nos próximos meses.
Nakano fez essa declaração durante depoimento sobre a situação financeira do Estado na Assembléia Legislativa. O governo poderá recorrer novamente ao parcelamento dos salários como ocorreu em janeiro.
"A situação financeira do Estado de São Paulo é insuportável", afirmou. "Há necessidade de um forte ajuste tanto para aumentar as receitas quanto para reduzir as despesas", disse.
Ele atribuiu as dificuldades para o pagamento do salário de fevereiro do funcionalismo ao aumento das despesas com a contratação de pessoal nos últimos meses do governo Fleury.
Nakano disse que o Estado conta agora com 1.135 funcionários. "Há necessidade de enxugamento", afirmou, sem revelar quanto precisa ser cortado.
Confirmando a paralisação dos investimentos estaduais no atual semestre, Nakano disse que o déficit do Tesouro este ano deverá ficar em US$ 10,5 bilhões.
"A situação é dramática", afirmou o secretário.
O depoimento de Nakano, solicitado pela liderança estadual do PMDB, teve como objetivo fornecer um quadro das finanças de São Paulo para a CEI (Comissão Especial de Inquérito) do Banespa, iniciada esta semana na Assembléia Legislativa.
Nakano disse que a dívida total do Estado de São Paulo, até 31 de dezembro passado, era de US$ 51 bilhões e que a dívida do Tesouro estadual junto ao Banespa somava US$ 11 bilhões até a mesma data.
Nakano disse que há uma contradição entre o alto custo do funcionalismo estadual, cerca de US$ 620 milhões, e o "sucateamento" da máquina administrativa.
"O problema é uma minoria privilegiada ganha altos salários, enquanto a grande massa recebe salários baixíssimos", afirmou Nakano.
O deputado Barros Munhoz (PMDB), presidente da CEI do Banespa, disse que Nakano cometera "um crime" ao atribuir as dificuldades financeiras de São Paulo aos dois últimos governos do PMDB.
Munhoz disse que a dívida de São Paulo, embora seja imensa, é sustentável por um Estado cujo PNB (a soma do valor anual de todos os produtos e serviços da economia estadual) é duas vezes maior do que o da Argentina.

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