São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 1995
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Ortiz vai aos EUA acertar ajuda

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O ministro da Fazenda do México, Guillermo Ortiz, chegou ontem a Washington para tentar acertar os termos da ajuda de US$ 20 bilhões dos EUA e acalmar o mercado internacional, ainda desarvorado pela crise mexicana.
Por volta de 12h (15h em Brasília), antes mesmo da chegada de Ortiz, o Departamento do Tesouro anunciou "grandes progressos" nas negociações.
A declaração do Tesouro conseguiu diminuir um pouco a ansiedade. Mesmo assim, as bolsas de Nova York e da Cidade do México operaram em baixa na maior parte do pregão.
A do México se recuperou e fechou em alta de 1,86%. A Nova York fechou em alta de 0,03%. O peso voltou a ser desvalorizado em relação ao dólar e fechou a 6,25, após ter chegado a 6,30. A moeda norte-americana também caiu no mercado internacional, onde a procura pelo marco alemão cresceu.
O fato novo de ontem foi a decisão do México de usar US$ 2 bilhões do dinheiro já colocado à sua disposição pelo Fundo Monetário Internacional para resgatar bônus do Tesouro dos EUA.
Com isso, a dívida de curto prazo que o México terá que pagar em 1995 se reduzirá para US$ 19 bilhões na semana que vem.
A incerteza sobre o que o México fará com os US$ 50 bilhões oferecidos por EUA e entidades multilaterais é uma causa para a atual instabilidade.
Outros motivos são: a ostensiva indecisão com que o México vem lidando com a rebelião zapatista no Estado de Chiapas e a derrota do partido oficial (PRI) na eleição de domingo no Estado de Jalisco.
O anúncio anteontem de que uma das mais importantes empresas do México, a siderúrgica Sidek, não vai pagar dívidas contraídas por subsidiárias ajudou a aumentar as dúvidas sobre o país.
A demora na liberação dos US$ 20 bilhões do governo dos EUA tem sido uma razão adicional para o clima de insegurança reinante.
O Tesouro está sendo cuidadoso na busca de garantias para seus empréstimos porque a oposição, que controla o Congresso, tem dado muita atenção ao assunto.
O presidente Clinton tentará se reeleger no ano que vem e ele já tem suficientes dificuldades sem contar o México.
O excesso de zelo para executar o auxílio anunciado há duas semanas, no entanto, pode causar-lhe ainda mais prejuízos.

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