São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 1995
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NY quer reabilitar pena de morte

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

A pena de morte deve ser reinstaurada no Estado de Nova York nas próximas duas semanas, quando será finalizada lei que determinará a punição máxima para criminosos que cometeram homicídio.
Anteontem, o governador do Estado de Nova York, George Pataki, e líderes legislativos anunciaram um acordo para fazer de Nova York o 38º Estado norte-americano a adotar a pena capital (veja mapa nesta página).
Nova York já teve pena de morte até 1977, quando foi considerada inconstitucional pelo então governador democrata Hugh Carey, e mantida assim nos 12 anos seguintes, pelo governador Mario Cuomo, também democrata.
A retomada da pena de morte é considerada uma vitória política do governador Pataki, que pertence ao Partido Republicano.
Ele prometeu, durante sua campanha política, fazer da readoção da pena de morte uma das suas primeiras medidas como governador de Nova York.
"Essa lei, eu acho, será bastante eficiente porque consiste em um desafio constitucional", afirmou o governador Pataki.
"Ela protege o direito dos promotores para aplicar rigorosamente a pena capital. A lei garantirá também justiça ao proteger os direitos dos acusados", disse.
Na nova lei, a execução seria feita por injeção de líquido letal, em vez de cadeira elétrica, utilizada durante os 18 anos em que a pena esteve em vigor no Estado.
Entre 15% e 20% dos 2.300 assassinatos que ocorrem por ano no Estado de Nova York teriam seus autores condenados à pena de morte, sob a nova lei, segundo estimativa oficial.
Pataki afirmou que a adoção da pena de morte reduziria os gastos do governo com a manutenção de criminosos na cadeia, e também ganharia em redução do número de homicídios.
"Acho que poderemos diminuir o número de celas porque, com a pena de morte, acredito que reduziremos o índice de criminalidade", afirmou.

Protestos
Opositores à pena de morte protestaram após o anúncio, afirmando que não houve uma discussão pública sobre a questão.
Segundo Damaris McGuire, diretora do New Yorkers Against the Death Penalty (grupo contrário à pena de morte), disse que o governador Pataki é ingênuo ao afirmar que o número de assassinatos no Estado diminuirá após a adoção da pena de morte.
"Não é isso o que se verifica nos Estados que já têm essa penalidade", afirmou.
Após aprovada, a lei deve começar a vigorar em um ano.
A opinião de nova-iorquinos consultados pela rede de televisão a cabo New York 1 sobre a adoção de pena de morte está dividida.
Parte dos entrevistados discorda que a medida diminuirá a criminalidade, mas acredita que a medida é necessária.
A última vez que o Estado de Nova York adotou pena de morte foi no ano de 1963.
Eddie Lee Mays foi morto em cadeira elétrica, condenado por ter matado uma mulher no Harlem.
Ele foi a 614ª pessoa a ser condenada à pena de morte em Nova York, o primeiro Estado no país a adotar a cadeira elétrica para a execução da pena.

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